Enviada em: 29/10/2017

Hobbes acertou ao dizer que o homem é o lobo do homem. A violência e o medo de morrer por uma morte violenta recriam um novo estado de natureza. Nota-se que a ineficiência de políticas públicas de segurança, o desemprego e a marginalização contribuem para o aumento dos atos de violência. Nesse sentido, a insegurança virou rotina para os brasileiros e medidas para reduzir esse cenário caótico são essenciais.       Em primeiro lugar, cabe ressaltar que a persistência da violência no Brasil é um problema estrutural, pois quase todas as prisões brasileiras estão com capacidade máxima ou acima do planejado, porém as taxas de homicídio, crimes sexuais e furtos continua a crescer, segundo o Ipea a taxa de homicídio é de cerca de 29 a cada 100 mil habitantes. Em função disso, a população recorre cada vez mais aos enclaves fortificados e segurança privada para proteger-se. Assim, aumenta-se a segregação social e torna-se evidente a enorme desigualdade social no Brasil.       Em segundo lugar, é importante citar que a evasão escolar brasileira é muito alta, sendo, inclusive, um dos motivos que levou à Reforma do Ensino Médio. Nessa persectiva, os jovens com baixa escolaridade são marginalizados da sociedade, pois dificilmente conseguem ingressar no mercado de trabalho e acabam recorrendo, muitas vezes, ao crime para sobreviver. Jorge Amado, no livro "Capitães da Areia", já retratava o drama dos meninos de rua que viviam na criminalidade, cena que ainda se repete na atualidade. Além disso, crianças que crescem em ambientes violentos como, por exemplo, nas favelas, são fortemente influenciados pelos bandidos devido à proximidade com o crime e a ausência do poder público.       Em suma, violência no Brasil é um desafio para o governo em todas as suas esferas e afeta diretamente o modo de vida da população. Portanto, é preciso reduzir a incidência e reincidência dos crimes. Nesse sentido, é essencial que o Governo Federal busque parcerias público-privadas para reinserir detentos e ex-detentos, de forma a aumentar a taxa de ressocialização e evitar que os presos retornem para o mundo do crime. Também é essencial que os detentos tenham acesso à educação, caso se interessem em fazer as provas do Enem PPL, garantindo uma segunda chance de construir a vida fora das celas. Por fim, é essencial que o Ministério da Justiça e Segurança Pública invista em um treinamento policial mais humanizado, por meio de trabalho voluntário nas comunidades mais vulneráveis, visando melhorar a interação policial com a população e ajudar na construção da moral do profissional. Destarte, é possível sair do estado de natureza que o Brasil se encontra.