Proposta de Redação
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “A banalização da prescrição de psicofármacos na infância”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
TEXTO I
O Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) divulgou resolução recomendando o fim da prescrição excessiva de remédios para crianças e adolescentes no tratamento de problemas de aprendizagem, comportamento e disciplina.
De acordo com o documento, o uso excessivo desse tipo de medicamento apresenta riscos como a dependência física ou psicológica. A resolução estabelece que os jovens devem ter o direito de acessar tratamentos alternativos e não medicamentosos.
A resolução destaca ainda que o consumo de metilfenidato, substância usada no tratamento de casos de transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), aumentou muito nos últimos anos.
O Brasil se tornou o segundo maior mercado mundial no consumo do metilfenidato, conhecido pelo nome comercial Ritalina, com cerca de 2 milhões de caixas vendidas em 2010. De acordo com levantamento da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, houve aumento de 775% no consumo do medicamento entre 2003 e 2012.
A resolução 177 define como excessiva medicalização “a redução inadequada de questões de aprendizagem, comportamento e disciplina a patologias, em desconformidade com o direito da criança e do adolescente à saúde, ou que configure negligência, discriminação ou opressão.”
Em outubro de 2015, o Ministério da Saúde também havia recomendado a adoção de práticas que dispensam o uso de remédios para prevenir abusos na prescrição do medicamento.
A resolução indica que as estimativas de prevalência de Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) em crianças e adolescentes no Brasil são bastante discordantes, com valores de 0,9% a 26,8%, segundo informações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Como o diagnóstico do TDAH não pode ser confirmado por exames laboratoriais, é possível que muitas pessoas estejam sendo medicadas sem necessidade.
O texto informa que os jovens devem acessar tratamentos “que levem em conta aspectos pedagógicos, sociais, culturais, emocionais e étnicos e que envolvam a família, a comunidade e os profissionais responsáveis pelos cuidados de crianças e adolescentes”.
Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2015-12/conselho-recomenda-reduzir-remedios-para-criancas-com-problema-de-aprendizagem
TEXTO II
Os medicamentos psiquiátricos, psicofármacos ou psicotrópicos são grupos de substâncias químicas que trabalham no sistema nervoso central. Por afetarem os processos mentais, alteram a percepção, emoções e comportamentos dos pacientes.
Assim, é possível “se desligar” dos sintomas dos transtornos mentais, combatendo-os.
Há dezenas de psicofármacos no Brasil para o tratamento do mesmo transtorno ou de transtornos diversos.
A escolha do medicamento leva em consideração uma variedade de fatores particulares, como história pessoal do paciente, idade, patologias físicas, histórico de doenças e resposta a usos anteriores.
O uso também poderá ser associado à psicoterapia dependendo do quadro clínico.
Disponível em: https://www.vittude.com/blog/medicamentos-psiquiatricos/ (adaptado)
TEXTO III
Uma campanha nacional chamada “Não à medicalização da vida”, lançada esta semana na Câmara dos Deputados pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP), reacende as discussões sobre o excesso de diagnóstico de hiperatividade em crianças e adolescentes e o uso indiscriminado de remédios, que deixa o Brasil atrás apenas dos EUA nesse quesito.
Segundo a conselheira do CFP Marilene Proença, que também é professora de psicologia escolar e educacional na Universidade de São Paulo (USP), muitos menores de idade antigamente considerados apenas agitados hoje são classificados como hiperativos, em grande parte das vezes sem apresentarem o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), doença que causa sintomas como desatenção, inquietação e impulsividade.
“Hiperatividade é uma patologia neurológica, e acabamos inserindo essa palavra no nosso vocabulário de forma errada. Se a questão for comportamental, devemos tratá-la com terapia, para que a criança encontre outras estratégias ao se relacionar com o mundo”, diz Marilene.
Na opinião da conselheira, o medicamento pode funcionar apenas como um paliativo para resolver problemas mais profundos, da escola ou da família. “Nosso grande questionamento é por que a criança não está atenta aos conteúdos no colégio. A verdade é que a estrutura de ensino ainda é muito precária e não atende às necessidades de desenvolvimento dos estudantes. Mas, em vez de mudarmos a forma de lecionar, estamos culpando a criança, alegando que ela tem um problema orgânico que a impede de se comportar direito e aprender. É uma inversão”, ressalta.
Disponível em: http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2012/07/campanha-reacende-debate-sobre-excesso-de-remedios-para-criancas.html