Proposta de Redação
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “Os impasses éticos e morais do uso de Inteligência Artificial”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
TEXTO I
Quais são os desafios éticos da inteligência artificial
Vivemos um tempo de rápidas mudanças tecnológicas, no qual quase todos os aspectos de nossas vidas dependem de dispositivos que computam e se conectam. O aumento exponencial resultante do uso de sistemas ciberfísicos transformou a indústria, o governo e o comércio. Além disso, a velocidade da inovação não mostra sinais de desaceleração, principalmente porque a revolução na inteligência artificial (IA) tenta transformar ainda mais a vida cotidiana por meio de ferramentas cada vez mais poderosas para análise, previsão, segurança e automação de dados. Como ondas passadas de extrema inovação, como é o caso, o debate sobre o uso ético e os controles de privacidade provavelmente proliferará. Até agora, a interseção entre IA e sociedade trouxe seu próprio conjunto único de desafios éticos, alguns dos quais foram antecipados e discutidos por muitos anos, enquanto outros estão apenas começando a vir à tona. Por exemplo, acadêmicos e autores de ficção científica há muito tempo ponderam as implicações éticas de máquinas hiperinteligentes, mas apenas recentemente vimos problemas do mundo real começarem a surgir, como o viés social nas ferramentas automatizadas de tomada de decisão ou as escolhas éticas feitas por carros autônomos.
Riscos e dilemas éticos
Nas últimas duas décadas, a comunidade de segurança se voltou cada vez mais para a IA e o poder do aprendizado de máquina (ML, na sigla em inglês) para colher muitos benefícios tecnológicos, mas esses avanços obrigaram os profissionais de segurança a navegarem por um número proporcional de riscos e dilemas éticos ao longo do caminho.
Como líder no desenvolvimento de IA e ML para segurança cibernética, a BlackBerry Cylance está no centro do debate e é apaixonada por aprimorar o uso da IA para sempre.
Desse ponto de vista, conseguimos acompanhar de perto a progressão técnica da IA enquanto observamos simultaneamente o impacto social mais amplo da IA da perspectiva de um profissional de risco. Acreditamos que a comunidade de segurança cibernética e os profissionais de IA têm a responsabilidade de avaliar continuamente as implicações humanas do uso da IA, tanto em geral quanto nos protocolos de segurança, e que, juntos, devemos encontrar maneiras de construir considerações éticas em todos os produtos e sistemas baseados em IA. Este artigo descreve algumas dessas dimensões éticas iniciais da IA e oferece orientação para nosso próprio trabalho e o de outros profissionais de IA.
A ética das decisões baseadas em computador
As maiores fontes de preocupação com o uso prático da IA estão relacionadas à possibilidade de as máquinas falharem nas tarefas das quais são encarregadas. As consequências do fracasso são triviais quando a tarefa é jogar xadrez, mas os riscos aumentam quando a IA é encarregada de, digamos, dirigir um carro ou pilotar um avião que transporta 500 passageiros. De certa forma, esses riscos de falha não são diferentes dos das tecnologias estabelecidas que dependem da tomada de decisão humana para operar. No entanto, a complexidade e a percepção de falta de transparência subjacentes às maneiras pelas quais a IA toma suas decisões aumentam as preocupações com os sistemas executados pela IA porque parecem mais difíceis de prever e entender. Além disso, o tempo relativamente curto em que essa tecnologia foi usada mais amplamente, somado à falta de entendimento do público sobre como, exatamente, esses sistemas movidos a IA operam, aumenta o fator medo. A novidade de um computador tomando decisões que podem ter consequências fatais assusta as pessoas e grande parte desse medo gira em torno de como esses sistemas equilibram preocupações éticas. Considere um exemplo do mundo real: a sociedade se acostumou a acidentes de carro resultantes de erro humano ou falhas mecânicas e, apesar das melhorias regulamentares e técnicas para reduzir o perigo inerente a acidentes de carro, agora os aceitamos sem questionar como parte do risco geral de dirigir.
Disponível em: https://www.inova.jor.br/2020/04/15/quais-sao-os-desafios-eticos-da-inteligencia-artificial/ (Adaptado)
TEXTO II
Disponível em: https://vidadesuporte.com.br/suporte-a-serie/preocupacao/
TEXTO III
O perigo da inteligência artificial para a humanidade
Uma criatura feita por humanos mas independente deles poderia tratar as pessoas de forma terrível – não como inimigas, mas como seres desprezíveis
Na ficção científica, a inteligência artificial, ou I.A., tem alguns papéis recorrentes. Costuma brilhar como a antagonista que pretende exterminar a humanidade. Esse é o propósito da Skynet, a versão militar e maligna da internet, no filme O exterminador do futuro: gênesis, a estrear em 2015. Nos últimos meses, os perigos da I.A. vêm sendo discutidos mais seriamente, por gente brilhante como o astrofísico Stephen Hawking e o empresário Elon Musk, atuante nos setores de carros elétricos e exploração espacial. Poucos atentaram, porém, à ideia central do pensador que desencadeou a discussão. O filósofo sueco Nick Bostrom não teme que a I.A. deteste pessoas ou tente machucá-las.
“Essas máquinas serão indiferentes a nós”, afirma.
Formas de I.A. indiferentes à humanidade ou com estratégias incompreensíveis por nós poderiam causar destruição física e caos social ao controlar bancos de dados, mercados financeiros, infraestrutura, redes de distribuição e sistemas de armamentos. Bostrom, pesquisador na Universidade de Oxford, no Reino Unido, dirige o Instituto para o Futuro da Humanidade. Pesquisa riscos existenciais à vida humana, como a colisão de asteroides com a Terra. O surgimento da I.A. e seus perigos ocupam seu livro mais recente, Superintelligence (Superinteligência, ainda sem previsão de lançamento no Brasil). Bostrom alerta para o advento de sistemas não só inteligentes, mas capazes de se autoaprimorar. Um computador assim poderia se reprogramar para elevar sua própria capacidade. Mais poderoso, poderia fazer isso de novo, e de novo. Desenvolveria, assim, capacidades de observação, aprendizado e planejamento muito superiores à humana. Bostrom chama esse fenômeno de superinteligência e conclui que ele é o principal risco existencial visível no futuro da humanidade. “Não devemos acreditar que o cérebro humano poderá competir com isso”, diz.
O filósofo acredita que o surgimento de tecnologia assim não é questão de “se”, e sim de “quando”. Em 2012 e 2013, ele fez um levantamento de opinião a respeito com 170 especialistas. Na média, eles estimaram em 50% a chance de surgir, até 2050, uma I.A. capaz de assumir a maior parte das profissões humanas e em 90% a chance de isso ocorrer até 2075. Mais da metade dos entrevistados previu que a superinteligência emergiria até 30 anos depois e que haverá 33% de chance de ela ser algo “ruim” ou “extremamente ruim”.
As preocupações se amparam na aceleração da evolução na área. Bart Selman, matemático da Universidade Cornell, estuda I.A. desde os anos 1980 e se impressiona com os avanços dos últimos cinco anos. Carros autônomos, software de tradução simultânea e de reconhecimento de imagem usam avanços obtidos com I.A. Conforme surgem aplicações comerciais, mais dinheiro flui para esse tipo de pesquisa, o que a acelera. Novas fronteiras de estudo, como as redes neurais artificiais e os chips neuromórficos, abrem frentes promissoras na tentativa de reproduzir o jeito humano de pensar.
Nada garante, porém, que uma superinteligência – uma inteligência capaz de aprimorar a si mesma – continuará a pensar imitando o jeito humano, ou de forma que seja previsível ou compreensível por nós. Diante dessa possibilidade, homens inteligentes reagiram com superlativos. Musk comparou o ato de criar I.A. com invocar o demônio. Hawking afirmou que o advento da I.A. será o maior evento da história humana. “Infelizmente, poderia também ser o último, a não ser que aprendamos a evitar os riscos”, disse. O astrofísico tocou no ponto certo. Nenhum dos estudiosos imagina interromper o avanço científico. Eles apenas ponderam que, antes de criar I.A., precisaremos criar regras para que seja seguro usá-la – ou conviver com ela.
Disponível em: https://epoca.globo.com/ideias/noticia/2015/04/o-perigo-da-inteligencia-artificial-para-humanidade.html