Proposta de Redação
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “Maternidade compulsória em debate no Brasil”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
TEXTO I
Compulsório é um adjetivo com origem no Latim compellere, que significa “levar a um lugar, levar à força” — palavra formada por com-, que quer dizer “junto” e pellere, que quer dizer “guiar, levar”.
O significado de Compulsório é entendido como algo que obriga ou compele a fazer alguma coisa. Compulsório é aquilo em que há obrigação ou possui caráter obrigatório (…). Compulsório é toda força interna ou externa a uma pessoa que impele a realização de alguma coisa — o termo é mais usado para se referir às forças de ação externa, se tornando a qualidade daquilo que é feito obrigatoriamente.
O termo compulsório vem da mesma raiz que a palavra compulsão, algo imposto ou mesmo que deve ser cumprida forçosamente ou obrigatoriamente, sendo também uma tendência interior enorme por fazer algo, como, por exemplo, a compulsão por comida.
Quando usamos o termo “maternidade compulsória” para definir como a maternidade se apresenta para as mulheres estamos literalmente falando de “maternidade obrigatória”. Estamos dizendo que, de maneira subjetiva e bem objetiva, toda mulher é “obrigada” a ter filhos. E isso acontece de maneira subjetiva, através da nossa socialização e de maneira bem objetiva, pela impossibilidade de mecanismos que eficazmente impeçam mulheres de engravidar.
Disponível em: https://medium.com/qg-feminista/o-que-%C3%A9-maternidade-compuls%C3%B3ria-f23fd1643c6a
TEXTO II
[…] A pressão social pela maternidade é altíssima e chega de todos os lados, até de onde menos se espera. Amigos, família, igreja, profissionais de saúde perpetuam discursos que misturam cobrança, ameaças de um futuro solitário e cheio de arrependimento, além da clássica romantização da maternidade. […] […] Tenho a impressão de que esta romantização do que é ser mãe é a base do discurso de que somos obrigadas, as que querem e as que nunca quiseram, a abraçar esse doce destino de todas as mulheres.Uma amiga querida veio me contar recentemente que estava a procura de uma outra profissional para cuidar de sua saúde. Motivo? A que a acompanhava desde sempre disse a ela que chegara seu tempo limite de decidir sobre ter filhos: “Nem seu marido nem o seu corpo vão continuar te esperando nessa decisão absurda de não querer ter filhos, não”.
A profissional disse que ela precisava agir logo, pois mulheres sem filhos estão fadadas a serem traídas por seus companheiros “que vão procurar uma vida feliz e com filhos em outro lugar” além de serem fortes candidatas a envelhecer sozinhas, sem ninguém para cuidar delas.
Disponível em: https://www.uol.com.br/ecoa/colunas/julia-rocha/2021/03/02/filhos-nao-obrigada-maternidade-compulsoria-e-romantizacao-do-maternar.htm
TEXTO III
Ao longo da vida de uma mulher, a maternidade é pautada inúmeras vezes, nas mais diversas idades e classes sociais. A construção social feminina inclui, entre diversos predicados, a probabilidade da gravidez e da maternidade. Desde brincar com bonecas até ouvir indagações como “quando vai chegar meu netinho?”, mulheres crescem convivendo com a ideia de maternar, às vezes sem sequer refletir se é isso mesmo que querem. Muitas mulheres têm filhos porque é a “ordem natural das coisas”, como é costumeiro ouvir, mas nem mesmo cogitaram a possibilidade de uma vida sem eles. Com movimentos sociais de mulheres, esse cenário recentemente ganhou o nome de “maternidade compulsória”: compulsória, pois, nesta visão, ser mãe seria como algo obrigatório, forçado pela sociedade, e não necessariamente a vontade genuína da mulher.
A socialização feminina faz com que a maioria das mulheres deseje a maternidade: segundo uma pesquisa feita pelo Repórter Unesp com 1537 mulheres, a maior parte das entrevistadas (54,7%) tem vontade de ser mãe, o que absolutamente não é errado ou retrógrado. Mas em uma sociedade que trata mulheres sem filhos como insensíveis, frígidas e incompletas, a reflexão é indispensável. Instituir a maternidade a toda mulher torna-se uma violência simbólica e interfere na liberdade de escolha individual.
Disponível em: http://reporterunesp.jor.br/2017/05/14/maternidade-compulsoria/