Proposta de Redação
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “Os danos provocados pelo machismo à vida dos homens”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
TEXTO I
Machismo afeta a saúde mental dos homens; entenda
Especialistas explicam a importância de desconstruir padrões tóxicos de masculinidade
“Eles têm medo de serem confundidos com mulheres”. Foi assim que Fábio Mariano, professor do curso de Masculinidade Contemporânea na PUC-SP, explicou como o status quo da masculinidade reflete no inconsciente das pessoas.
A partir do machismo, o homem é visto como livre para ser e fazer o que quiser. Para embasar essa premissa, cria-se a ideia de um “sexo frágil”, o feminino, que está sujeito a julgamentos. Entretanto, não existem códigos escritos sobre como ser homem. Mas no início dos anos 1980, o termo “man box”, “caixa do homem” em tradução livre, foi criado por Paul Kivel e o Projeto de Homens de Oakland, com o desafio de definir os aspectos que determinariam esse ser – como não demonstrar emoções, apenas raiva. Apesar de existirem regras não ditas, o homem tenta transmitir um ar de independência e emancipação. Mas será mesmo que os homens são livres de padrões?
É preciso uma visão crítica para enxergar as amarras que os prendem. Estar na caixa do homem pode causar uma sensação de aprisionamento, revelando uma masculinidade frágil, contrária à noção de virilidade e liberdade. O processo de desconstrução é um dos focos do site PrazerEle. Claudio Serva, criador da página, ressalta que os movimentos feministas são as principais causas que levam o homem a refletir sobre questões que antes não faziam parte do seu repertório sociocultural. “Quando a mulher encontra seu lugar de potência, o homem fica perdido e descobre que as características que o definiam como masculino eram limitantes”, esclarece Serva.
Para Fábio Mariano, quem critica e desconstrói padrões é o homem contemporâneo. Se o diálogo não for provocado, a aceitação desses códigos se torna natural. “Os homens têm que se educar para serem livres de tudo aquilo que seja condicionante”, afirma. No momento em que os padrões se tornam naturais, estes podem ser levados de geração a geração. “Não se nasce homem, torna-se homem”, diz Mariano, reformulando a famosa frase da filósofa feminista Simone de Beauvoir.
Segundo a psicóloga Bárbara da Cunha, a infância é uma fase importante para a construção do indivíduo. “A criança nasce sem nenhum registro e aprende observando o meio em que vive. A capacidade de demonstrar sentimento, por exemplo, é uma construção social”, explica. Se as características não vêm de nascença e é possível construir uma “masculinidade saudável”, como defende Serva, o que impede os homens de mudarem?
O jornalista Nathan Fernandes responde que a chave para abrir a caixa do homem é o questionamento. “Você não precisa inventar a roda todo dia, mas tem que questionar e não aceitar os conceitos como verdades absolutas, porque talvez elas nem existam”.
Disponível em: https://guiadoestudante.abril.com.br/atualidades/machismo-afeta-a-saude-mental-de-homens-entenda/ (Adaptado)
TEXTO II
O quanto o machismo também reprime os homens
Como todos sabemos o comportamento machista não é exclusividade masculina. Há homens machistas, mulheres machistas, músicas machistas, livros machistas, doutrinas machistas. Da mesma forma, o feminismo não é uma luta apenas das mulheres. O feminismo, como já mencionamos aqui no blog, não é o contrário de machismo, mas é a luta por igualdade entre homens e mulheres. E isso interessa todos nós.
A mentalidade machista mata, fere, humilha e reprime mulheres todos os dias, em todos os cantos do mundo. E nós precisamos lutar diariamente contra esse tipo de comportamento, mesmo quando ele se apresenta de forma sutil, disfarçado de piada, de pequena censura.
Mas não são só as mulheres que são vítimas do machismo. Obviamente não estamos comparando dores, nem nivelando os potenciais das agressões. As maiores vítimas do machismo sempre serão as mulheres. Mas talvez esteja na hora de entendermos que a vida de todo mundo seria melhor sem ele.
Começa muito cedo. O antiquado “menino não chora” ainda circula por aí. Por vezes ele se traveste de “vai ficar chorando que nem uma menina?”. O machismo tenta enfiar as lágrimas de volta nos olhos dos meninos, que já crescem com duas ideias erradas: a de que eles não podem ter fragilidades e a de que toda menina é frágil por natureza.
Depois os meninos são tolhidos nos brinquedos. Uma menina jogando bola ou brincando de carrinho pode até ser aceita (embora o mundo prefira vê-la com uma cozinha de plástico cor de rosa). Mas um menino com uma Barbie jamais passará ileso. Um menino que queira brincar de ser pai de uma boneca será motivo de preocupação. Um menino com um bambolê. Um menino que se divirta penteando cabelos.
Mais tarde são os cursos universitários: nutrição? Enfermagem? Psicologia? Pedagogia? Design de interiores? Gastronomia? O machismo está pronto para mandá-los para a engenharia, para o direito e para administração de empresas. Nas profissões não é diferente. Um amigo que estuda em Barcelona é excelente com crianças, pensou em se oferecer para cuidar de algumas. Mas quem aceitará “um” baby-sitter? Será um pedófilo? Um pervertido? Além disso, misturam-se conceitos, associando profissões a orientação sexual.
O machismo convence o mundo de que um homem deve sentir-se vexado por ganhar menos que a mulher. Convence o mundo de que um homem que abra mão da carreira para cuidar dos filhos é um fracassado disfarçando sua incompetência profissional. Convence-nos de que o homem, sexualmente, deve funcionar como uma máquina que nunca poderá ter falha alguma. Que o homem precisa dirigir bem, manobrar com facilidade, saber trocar pneu, desentupir ralo e trocar resistência de chuveiro. Que o homem não deve usar antirrugas, nem corretivo para acne e olheiras, nem filtro solar. Que o homem não deve ter medo de barata, de escuro, de altura, de ficar solteiro, de não poder ter filhos, de se aposentar e sentir-se inútil.
O machismo não costuma matar homens. (a não ser que esse homem beije outro homem no meio da Avenida Paulista). O machismo prefere matar mulheres. O machismo odeia todas as mulheres que não se encaixam em seu asqueroso e pobre padrão. Mas também odeia os homens que não correspondem às suas tristes expectativas. E reprime-os. Julga-os. Condena-os. Não os mata com armas de fogo, não os espanca no chão da cozinha, não os violenta nos becos escuros. Mas mata, sim, a cada dia, um pouco da sua liberdade, da sua paz, dos seus sonhos.
Morte grande e sangrenta ou morte pequena e sutil, somos todos vítimas do mesmo machismo. E a luta contra ele é uma só: uma luta sem gênero, protagonizada por todos os que sabem que não queremos seguir caminhando por caminhos trilhados por uma mentalidade tão pobre, tão atrasada e tão carregada de ódio.
Disponível em: https://emais.estadao.com.br/blogs/ruth-manus/o-quanto-o-machismo-tambem-reprime-os-homens/ (Adaptado)
TEXTO III
Disponível em: https://www.poder360.com.br/poderdata/80-dos-homens-dizem-haver-machismo-mas-so-8-admitem-ser-machistas/