Proposta de Redação
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “A valorização da cultura afro-brasileira no currículo escolar”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
TEXTO I
O que é cultura afro-brasileira?
A cultura afro-brasileira é a identidade do povo brasileiro ao receber e misturar em sua própria cultura elementos vindos dos povos africanos, que chegaram em nosso país como pessoas escravizadas. É tudo que se criou a partir dessa influência e que inseriu essa etnia em nosso contexto social, histórico e cultural.
As raízes da cultura afro-brasileira: uma herança rica e diversificada
As raízes da cultura afro-brasileira contribuíram com uma diversidade étnica e cultural que inseriu uma riqueza de influências para a formação de nosso povo. Os povos africanos trouxeram suas línguas, crenças, costumes, músicas, danças, culinária e formas de organização social, que foram incorporadas e adaptadas à realidade brasileira ao longo dos séculos.
Grupos étnicos diferentes, como os iorubás, bantos, congos, jejes, nagôs, entre outros, trouxeram suas próprias tradições e contribuíram para a formação de uma cultura híbrida no Brasil.
A resistência cultural dos africanos escravizados, que buscavam preservar suas tradições e identidade em meio à opressão, também foi fundamental para a formação da cultura afro-brasileira.
As influências da cultura africana no Brasil: importância na formação da identidade nacional
A contribuição afro-brasileira é importante na formação de nossa identidade nacional por várias razões:
● formação de uma rica diversidade cultural;
● construção de nossa história, pois apesar de ser um período vergonhoso,
nos ensina com o exemplo de resistência e luta;
● formação de nossa diversidade étnica; entre outras.
Disponível em: <https://blog.institutoine.com.br/cultura-afro-brasileira-o-que-e-caracteristicas-e-costumes/>
TEXTO II
A INSERÇÃO DA CULTURA AFRO-BRASILEIRA NOS CURRÍCULOS ESCOLARES
Até o final da década 70, os estudos sobre a situação dos negros no Brasil, ficavam concentrados basicamente em três áreas: medicina, psicologia e antropologia que tinha como foco principal o folclore e as religiões afro-brasileiras. Porém, no início dos anos 80, surge na universidade uma nova vertente teórica, elaborada quase que exclusivamente por pesquisadores militantes do Movimento Social Negro, que estrategicamente vem forjando espaços políticos para a inserção de suas propostas nas diferentes campos de conhecimento.
A lei 10.639/03 foi criada para que as escolas públicas e particulares do Ensino Fundamental e Médio insiram a História e Cultura Afro-Brasileira no currículo escolar, alterando as Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
Em seu parágrafo primeiro a nova Lei estabelece que o conteúdo programático a ser desenvolvido pela escola deverá conter o estudo da História da África e dos africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil.
Salvador foi a primeira capital do Brasil a ter oficialmente o ensino da cultura negra, ainda ostenta uma realidade onde falta respeito e valorização à etnia que corresponde à maioria de sua população pobre. Os temas ligados à cultura africana ainda não são tratados adequadamente em sala de aula e há muito o que fazer.
A aprovação da Lei Federal 10639/03 modificou a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) ao instituir a obrigatoriedade dos sistemas de ensinos municipal, estadual e federal que precisam incluir aulas sobre questões étnico-culturais em seus currículos. Antes da aprovação da lei, alguns municípios, como Salvador (1989), Belo Horizonte (1990), Porto Alegre (1991), Diadema e Belém (1994), São Paulo e Distrito Federal (1996), Criciúma (1997), Teresina (1998), Campo Grande (1999) e Campinas (2000), já haviam incluído em seu currículo o estudo das relações
étnicoculturais ou raciais. No entanto, a promulgação da lei, embora represente um avanço no sentido da promoção da igualdade racial, infelizmente, não garante sua realização.
Trabalhar as questões étnico-raciais e culturais com crianças pequenas pode trazer resultados positivos, uma vez em que passam a considerar as diferenças (não apenas as ligadas ao tom da pele) como algo presente e que não deve levar à exclusão.
Conceitos como raça, racismo e preconceito tornam-se mais importantes quando refletimos a respeito de qual o impacto da discriminação sobre população negra e não negra e sobre o papel que a escola tem desempenhado para discutir situações de racismo e de discriminação envolvendo a população pobre e negra desse país. A questão é, também, social.
O currículo escolar deve levar em conta a identidade dos negros, respeitar seu modo de ser e de pensar o mundo, considerar a imensa influência que a cultura africana sempre exerceu sobre o modo de ser do brasileiro.
Professores e alunos passam a construir, a partir dos estudos sobre a África e o Brasil, e a constituição de seus povos e sua cultura, um novo currículo, vivo, embasado numa nova concepção de educação, pautada no respeito e promoção da igualdade étnica, cultural e racial.
Adultos, jovens e crianças negras na condição de oprimidos, sofrem de uma dualidade que se instala na interioridade do seu ser. Querem ser, mas temem ser, tais pessoas introjetam a sombra do opressor e seguem suas pautas. “Sua luta se trava entre serem eles mesmos ou serem duplos” Entretanto, há-de-se considerar o grande número de negros que escapam a tais condicionamentos e que fazem oposição sistemática à ideologia do embranquecimento, buscando identificar-se com suas raízes culturais.
Disponível em: <https://fsd.edu.br/wp-content/uploads/2019/12/artigo19-DELYDIA.pdf>