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Enviada em: 15/10/2018

Diante do absurdo da vida, da suposta falta de sentido e perspectiva de algo melhor, conceito bem firmado pelo escritor Albert Camus, muitas pessoas fazem uso de subterfúgios para evitá-los. Nesse contexto, nota-se uma das diversas motivações que levam indivíduos a recorrerem às drogas - além do atraente e fácil enriquecimento através do tráfico - as quais têm sido duramente reprimidas ineficazmente pelo governo, frequentemente de forma violenta.     A priori, percebe-se, então, que tratar a política antidrogas como um mero problema de segurança pública, o qual tem provocado inúmeras mortes, insegurança constante e aumento exponencial da população carcerária é ineficiente. Dito isso, é nítido que essa ineficácia é fruto de anos de um confronto direto com facções criminosas que controlam o tráfico: é "enxugar gelo". Dessa forma, ignora-se o viés social dessa problemática, representado pela precária educação que receberam a maioria dos usuários de narcóticos, que frequentemente enxergam as drogas como provedora de um "status" para eles antes inalcançável, e os que fazem do tráfico sua fonte de renda, diante da inexistência de perspectiva de um futuro melhor. Com isso, cria-se uma polícia que mata e morre muito, regiões totalmente controladas pelo tráfico e um povo que perante a falta de perspectiva e o absurdo disso tudo, busca alternativas.       Ademais, visto que o tráfico se encontra principalmente em bairros onde a população é de baixa renda, há a formação de um poder de dominação interno diante do aparente descaso do governo. A partir disso, muitas vezes, perante a violência dos combates entre polícia e facções que controlam o narcotráfico - que frequentemente promove auxílios como eletricidade, dever do governo - os traficantes são apoiados pela população dessas comunidades, invertendo a ordem natural da situação. Assim, é criado um "Estado" dentro do Estado, uma espécie de poder paralelo, o qual delimita fronteiras dentro do próprio território e ignora as autoridades competentes. Com isso, o modo tradicional de combate as drogas revela-se novamente frustrado, sendo reduzido à apreensão de narcóticos que são constantemente substituídos.       O filósofo Bertrand Russell dizia que o fato de uma opinião ser amplamente difundida não exclui necessariamente seu caráter absurdo. Logo, é crucial se repensar a política antidrogas. Portanto, é dever do MEC, através de aulas específicas sobre narcóticos, alertar os jovens quanto aos perigos à saúde e que há outras opções na vida superiores a traficar, como empregos formais. Além disso, o governo deve investir nas polícias militar e civil, provendo tecnologia como "drones" e centros de inteligência, de forma a combater o tráfico de maneira menos violenta possível.