A política brasileira é rígida em suas leis mas ineficiente em suas práticas. Vê-se isso com clareza ao tratar da política de drogas e o seu histórico de geração e reformulação de jurisdições, que trazem avanços para o fim do tráfico mas retrocessos na sua realização. É uma realidade do brasileiro a constante luta contra as drogas. Seja de interesse da população não ver os filhos no vício, seja do governo cuja soberania nacional é abalada. Mas o fato é que as drogas não se resumem ao que o noticiário mostra. O narcotráfico envolve não somente a venda e o consumo, mas o plantio, a fabricação, o transporte, as armas, o contrabando e a distribuição. É uma estrutura ramificada demais para se acreditar que a maioria jovem e pobre que é presa por tráfico seja o grande problema dessa questão. A violência da repressão não elimina os grandes mercados de drogas - espalhados tanto pelo Brasil quanto pelo mundo, mas pode eliminar vidas que foram levadas ora pela necessidade ora pelas condições impostas por um meio onde a eficiência das leis não chega. Faz-se necessário investimentos em políticas informacionais, em que se mapeiem as teias de investidores das drogas e dos cartéis. Também cabe a população intervir, elaborar projetos e principalmente questionar resoluções governamentais que se limitam a certos setores da sociedade, sem abranger toda a conjuntura do problema.