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Enviada em: 30/06/2018

Durante a antiguidade clássica, o ócio foi sinônimo de sucesso e prestígio. Entretanto, aos poucos, esse pensamento se transformou e, especialmente após o capitalismo liberal do século XVIII, o trabalho ganhou novo significado, intrinsecamente ligado ao conceito de mais valia e ao capital. Nesse período, Voltaire assinalou o que viria a ser a cultura dos próximos séculos: "O trabalho dignifica o homem". Agora, em pleno século XXI, o trabalho e uma carreira ascendente são os novos sinônimos de sucesso. Sucesso esse que o jovem brasileiro não tem conseguido alcançar. Os motivos estruturais que assinalam as altas taxas de desemprego entre os jovens incluem industrialização brasileira tardia e pouco incentivo ao empreendedorismo.       Enquanto países como Estados Unidos da América e Japão viviam a segunda revolução industrial, o Brasil dava seus primeiros passos no processo de industrialização. Aliado à qualidade agrária brasileira, ou seja, pouco desenvolvimento tecnológico que não seja para a produção agropecuária, somos nada mais que a fábrica do primeiro mundo ao fornecermos os subsídios necessários para a instalação de transnacionais (baixos impostos, leis fiscais brandas) que deixam seus centros de pesquisa e desenvolvimento em países desenvolvidos. Assim, as fábricas com máquinas robotizadas não empregam, o desenvolvimento de novos produtos que necessitam de mão-de-obra qualificada não emprega, o território nacional não dá chance para o jovem brasileiro empreender e as taxas que apontam 30% de desemprego entre 17-24 anos, segundo a Organização Internacional do Trabalho, são números de uma realidade desesperadora para o futuro do país.        Um outro grave motivo que contribui para o desemprego é a dificuldade em empreender no Brasil. Ao dar espaço para as grandes multinacionais e a supervalorização do que vem de fora descrevemos um cenário acirrado para o desenvolvimento do mercado nacional. Micro e médio empresários ou empresas recentes são, muitas vezes,esmagados no livre mercado impedindo a geração de novos empregos e também desestimulando o próprio jovem em abrir o seu próprio negócio. Está descrito o Brasil atual: muitas chances para multinacionais e quase nenhuma para a população jovem brasileira.       Frente a esses problemas estruturais tão marcantes na sociedade brasileira, se faz necessário um plano imediato e um outro a longo prazo. O Ministério do Trabalho deve emitir uma normativa que permita que o recém-formado faça estágio até um ano após concluído o curso, de modo que, o jovem profissional possa se inserir no mercado de trabalho e conseguir a experiência necessária para se destacar. Ademais, o Ministério da Fazenda deve elaborar um plano de incentivo a micro e médio empresário, com subsídios e apoio teórico, através de cursos fornecidos por instituições de ensino.