Materiais:
Enviada em: 12/08/2018

A Revolução Industrial do século XIX reestruturou as dinâmicas de trabalho em toda a Europa. Quase duzentos anos depois, já em um contexto pós-industrial, observa-se que o mercado de trabalho apresenta desafios para a absorção dos jovens brasileiros. Esse contexto pode ser ilustrado pelo verso da banda Charlie Brown Jr que afirma: "o jovem no Brasil nunca é levado a sério". Para compreender esse cenário, é fundamental analisar os impactos do precário sistema educacional e do preconceito de muitos empresários no ingresso dessa população no mercado de trabalho.       Em primeiro lugar, a defasagem do currículo escolar brasileiro reduz as oportunidades dos alunos na economia contemporânea. Em entrevista ao G1, o educador Mozart Ramos declarou que o Brasil ainda tem uma escola do século XIX. Isso porque o currículo voltado ao acúmulo de conhecimentos e memorização não estimula a capacidade de relacionar informações e propor inovações, que são necessidades das empresas no século XXI. Dessa forma, os jovens brasileiros são formados com dois séculos de atraso, e, por isso, apresentam dificuldades de inserção no mercado de trabalho.       Além disso, muitas empresas analisam a juventude sob uma perspectiva pejorativa. Apesar de estar no centro das inovações das últimas décadas e no desenvolvimento de gigantes tecnológicas, como Google, Facebook e Twitter, o jovem ainda é visto, no Brasil, como inexperiente. Muitos empresários, portanto, consideram que empregar essa parcela da mão de obra é aumentar os custos, já que os jovens precisariam de treinamento para executar suas funções. Dessa maneira, o mercado exerce uma resistência ao ingresso da juventude, pois não a enxerga como um investimento para o futuro.       Nesse contexto, observa-se que o descompasso entre a escola brasileira e a realidade brasileira e a realidade, assim como a resistência de muitos empresários são obstáculos ao ingresso dos jovens no mercado de trabalho. Para superar esse problema, o Ministério da Educação deve reformular o currículo escolar de acordo com as demandas do século XXI, com a introdução de aulas de programação e robótica, a fim de preparar as novas gerações para o mercado globalizado pós-industrial. Por outro lado, o Ministério do Trabalho deve estimular a absorção da juventude no mercado de trabalho, por meio de incentivos fiscais e subsídios às empresas que contratarem universitários e profissionais recém-formados, para garantir oportunidades de emprego a esse setor da população. Assim, com mais preparo e mais oportunidades, o verso da banda Charlie Brown Jr. deixará de fazer sentido.