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Enviada em: 02/10/2018

"Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção". Sob tal perspectiva, é válido relacionar a frase de Paulo Freyre com a dificuldade de inserção dos jovens no mercado de trabalho, posto que, hodiernamente, não há oportunidade para exercerem seus aprendizados. Nesse contexto, é oportuno salientar como a exigência por qualificação, aliada à falta de oportunidades, são fatores corroborativos nessa problemática, configurando um grave problema social.    Mormente, a partir da Terceira Revolução Industrial, a mão de obra qualificada ocupou progressivamente o espaço nas indústrias e tecnopolos, em detrimento do trabalhador especializado. Tal fato causou demissões e um afluxo de desemprego pelos países, tornando o mercado cada vez mais competitivo e elitista. É indubitável que os reflexos desse período são vistos até hoje, sobretudo entre os jovens que, ao concluírem o ensino médio, não recebem qualquer suporte e, por serem inaptos, acabam ingressando em serviços informais. Evidência disso é que o índice de desemprego entre jovens brasileiros é o dobro da média mundial, consoante dados da Organização Internacional do Trabalho.        Em paralelo, na obra "Admirável Mundo Novo", de Aldous Huxley, é retratada uma sociedade capitalista, industrial, tecnológica e extremamente organizada, em que cada cidadão possui um emprego e uma função. Não obstante, essa concepção é distante da realidade por falta de oportunidades e planejamento governamental. Na atualidade, só quem possui condições de pagar um curso técnico ou superior tem chance de adentrar o mercado de trabalho, uma vez que a metodologia arcaica do ensino público não evoluiu conforme as exigências do mundo laborativo. Ademais, a crise econômica brasileira, que teve início em 2014, vem enfraquecendo o programa  "Jovem Aprendiz", reduzindo o número de vagas disponíveis e impossibilitando o atendimento da demanda.       Infere-se, portanto, que ações são necessárias para findar as dificuldades enfrentadas pelas novas gerações na procura por um emprego. É imperioso que o Ministério da Educação crie uma nova diretriz do ensino médio, implementando cursos técnicos gratuitos, por meio de parcerias com o Senac e a Faetec (Fundação de Apoio à Escola Técnica), a fim de criar oportunidades de qualificação ao alcance da população. Outrossim, é dever do Poder Executivo fiscalizar o cumprimento da Lei que obriga empresas de médio a grande porte a destinar 15% dos cargos à jovens aprendizes, com o intuito de garantir a prática e experiência dos estudantes. Sob tal perspectiva, poder-se-á viver em um país idealizado à perspectiva de Paulo Freyre.