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Enviada em: 22/05/2018

Na mitologia grega, Sísifo foi condenado por Zeus a rolar uma enorme pedra morro acima eternamente. Todos os dias, Sísifo atingia o topo do rochedo, contudo era vencido pela exaustão, assim a pedra retornava à base. Hodiernamente, esse mito assemelha-se à luta cotidiana das mulheres, as quais buscam ultrapassar as barreiras as quais as separam do direito de participarem ativamente da sociedade sem serem acometidas por atitudes ofensivas de cunho sexual. Nesse contexto, não há dúvidas de que a redução nos casos de assédio sexual é um desafio no Brasil o qual ocorre, infelizmente, devido não só à negligência governamental, mas também a postura indolente da sociedade.    A Constituição cidadã de 1988 garante proteção integral ao sexo feminino, todavia o Poder Executivo não efetiva esse direito. Consoante Aristóteles no livro "Ética a Nicômaco", a política serve para garantir a felicidade dos cidadãos, logo verifica-se que esse conceito encontra-se deturpado no Brasil à medida que os inúmeros casos de assédio sexual não apenas nos espaços públicos, como também no âmbito profissional, configura-se como um irrespeito descomunal para com os direitos dessa parcela da sociedade, fazendo os benefícios permanecerem no papel.   Outro ponto relevante, nessa temática, é o conceito de Modernidade Líquida do sociólogo Zygmunt Bauman, que explica a queda das atitudes éticas pela fluidez dos valores, a fim de atender aos interesses pessoais, aumentando o individualismo. Desse modo, o sujeito, ao estar imerso nesse panorama líquido, acaba por perpetuar o desrespeito aos direitos e a cultura permissiva de assédio às mulheres, por causa da redução do olhar sobre o bem-estar dos menos favorecidos. Em vista disso, os desafios para a redução dos casos de assédio sexual estão presentes na estrutura desigual e opressora da coletividade, bem como em seu viés individualista.    Fica evidente, portanto, que a persistência do assédio sexual na sociedade brasileira é fruto de políticas governamentais mal elaboradas e são intensificadas nos hábitos coletivos. A fim de que essa situação seja revertida, o Executivo Federal, por meio das secretarias de segurança pública dos estados, deve instituir o estabelecimento de postos policiais, direcionados ao atendimento feminino, com o fito de facilitar as denúncias e o combate às práticas abusivas contra mulheres. Como já dito pelo pedagogo Paulo Freire, a educação transforma as pessoas, e essas mudam o mundo. Logo, o Ministério da Educação (MEC), deve promover, nas escolas, palestras que tratem sobre a valorização da figura feminina na estrutura social do país, como o objetivo de proporcionar, paulatinamente, uma mudança no molde social instaurado que fere à liberdade das mulheres.