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Enviada em: 31/05/2018

Masturbação em transporte público, assobios e cantadas agressivas, toque nas partes íntimas, tudo isso faz parte da rotina diária da mulher. Assim sendo, foi criado, em algumas cidades, o chamado vagão rosa que, nos horários de pico, apenas (ou prioritariamente) mulheres podem ocupar o espaço do vagão em metrôs. O objetivo é tentar proteger o sexo feminino da cultura do assédio. No entanto, esse método emergencial de isolamento nos espaços públicos revela a persistência de concepções naturalizadoras sobre os comportamentos dos homens diante das mulheres. Sendo assim, a fim de tentar amainar essa problemática social, cabe analisar algumas ideias pertinentes ao assunto.          A questão do assédio sexual pode ser analisada a partir de um viés de resistência por parte de homens que não aceitam a liberdade e os direitos que as mulheres vêm conquistando. Diante disso, não raramente, as mulheres são responsabilizadas, ou seja, questionadas se suas ações foram adequadas, provocadoras ou insinuadoras. Tal fato, inclusive, possui fundamento histórico, pois o corpo feminino foi, durante séculos, considerado como um “território perigoso”, e a figura feminina, disseminada pelos cânones religiosos, tornou-se sinônimo do mal e da perdição.          Além disso, as convenções sociais ensinam às mulheres da “boa sociedade” que, no espaço público, é preciso que sejam discretas, dissimulem suas formas, segundo códigos variáveis, conforme o lugar e o tempo. Entretanto, a figura da mulher na atualidade começa a romper com esses padrões coercitivos que predominaram por séculos. Nasce então o desejo de igualdade, de ganhar voz e mostrar suas potencialidades. Desse modo, surgem campanhas de engajamento, como, por exemplo, o “Deixa ela trabalhar” e “Isso é assédio”, que buscam retratar as situações inconvenientes que essas pessoas passam.           Fica claro, portanto, que são múltiplos os desafios para minimizar tal questão do nosso meio social. Dessa forma, é essencial que haja uma parceria entre o Governo municipal e as organizações não governamentais para que sejam colocadas em prática campanhas de conscientização por meio de palestras e conferências em escolas, empresas e lugares públicos com o objetivo de mostrar como as mulheres são constrangidas e prejudicadas por causa dessas ações que violam a dignidade da pessoa humana. Somado a isso, é necessário que o poder legislativo crie dispositivos que torne como dever de todos os órgãos públicos e privados criar um sistema para denunciar os atos de discriminação e assédio sexual diretamente à autoridades, para assim ser possível viver em um meio que desnaturalize a ideia de que a mulher precisa seguir certos padrões para não ser assediada.