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Enviada em: 01/06/2018

A violência contra a mulher advém de um histórico de desigualdade de gêneros, que se manifesta desde os fundamentos da sociedade, e persiste aos dias atuais. Como consequência, observa-se sua inferiorização, acompanhada de agressões físicas e sexuais, especialmente os crescentes casos de assédio, evidenciando o olhar machista de apetrecho sob a mulher. E esta cultura possui aliados aparentemente fixos para sua perpetuação, como os meios de comunicação, e a não percepção da agressão associada ao silêncio das padecentes.   Atualmente, os meios de comunicação, em especial o televisivo e a internet, são motores determinantes na objetificação do corpo feminino, e consequente banalização do assédio. As propagandas de cervejas se pautam esmagadoramente em mulheres e em "seus atributos físicos", os programas dominicais de entretenimento da maioria dos canais abertos são padronizados por um apresentador e um grupo de dançarinas, que ficam em segundo plano, servindo apenas como decoração. Paralelamente, observa-se frequentemente casos de exposição feminina nas redes sociais, através de vídeos e fotos não consentidos, que são vistos como algo normal, e até mesmo considerado de culpabilidade da mulher, ilegitimando a vítima.     Simultaneamente, nota-se um eufemismo arraigado culturalmente quanto às perseguições machistas, ocasionando impunidade. Entrevistas feitas na Cidade de São Paulo, afirmam que além das mulheres não perceberem que sofreram assédio, quando o fazem, aceitam que são as culpadas por tal situação e não procuram ajuda por medo de retaliação, ou por desmotivação, visto que, os agressores saem ilesos na maioria dos casos. Somado a isso, analisando um cenário possível de assédio no trabalho, as motivações que implicariam tal atitude vão desde roupas mais justas ou curtas até uma atitude de gentileza mal interpretada, seguida de abstração do assédio pela vítima por receio de perder seu emprego, contribuindo assim para a iniquidade e transformação do crime em hábito.      Diante do exposto, é de caráter urgente que o Estado se faça mais presente neste tipo de crime, criando mais delegacias da mulher e engessando as punições aos agressores, aumentando, assim, as chances de justiça e redução dos casos. Outrossim, que o Governo reivindique melhores representações femininas na mídia, cobrando das emissoras de TV personagens menos visuais e mais intelectos. É imprescindível também, que a Secretaria de Políticas para as Mulheres incentive movimentos de conscientização feminina, através palestras de esclarecimento em escolas e em locais de trabalho; além de criar unidades de apoio às mulheres que sofreram algum tipo de violência machista, gerando um cenário de confiança e segurança para que a voz feminina se faça ouvida.