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Enviada em: 02/07/2018

No ano de 2017, o caso de uma jovem que sofreu assédio sexual em um ônibus na Avenida Paulista, no estado de São Paulo, repercutiu na mídia e causou revolta no país inteiro: segundo testemunhas, um homem teria ejaculado no braço da jovem durante a viagem. O episódio colocou sob os holofotes um problema cada vez mais recorrente no Brasil, onde o número de denúncias contra abusos aumentam todos os dias, deixando claro um problema que deve ser debatido e solucionado.        Primeiramente, podemos destacar a problemática de ideais conservadores, que tentam justificar o abuso pelas vestimentas ou o modo como a mulher se comporta na sociedade, andando desacompanhada e usando roupas curtas. Nas ruas, festas, trabalho e até dentro da própria casa as cantadas, flertes e contatos físicos indesejados por parte da vítima são ações que se naturalizaram, já que acontecem cotidianamente na vida de muitas mulheres.        Embora seja um assunto muito atual, a cultura do assédio vem de séculos, e pode ser percebido em outros momentos da história. O livro Das KZ Bordell, do pesquisador alemão Robert Sommer, reúne informações e relatos de sobreviventes do Holocausto, e aborda um assunto pouco comentado sobre a história da Segunda Guerra Mundial: o assédio. Segundo o autor, bordéis com escravas sexuais eram mantidos por nazistas em campos de concentração, obrigando mulheres a se prostituir pois acreditava-se que o sexo elevaria a produtividade dos prisioneiros, abordando como uma conduta de submissão feminina já era praticada naquela época.      Tendo em vista tais acontecimentos, é perceptível que a cultura de assédio é fruto de reflexos históricos e, para garantir o respeito e liberdade à mulher, intervenções são necessárias para resolver tal adversidade. A fim de combater o olhar machista, o Ministério da Cultura, juntamente com os meios de comunicação atuais, devem transmitir debates e problematizar a questão do abuso, tendo em vista a reflexão e a conscientização dos cidadãos acerca das consequências que o assédio pode trazer na sociedade. Ademais, o poder legislativo deve ampliar a severidade das leis acerca dos crimes de abuso e assédio sexual, fazendo com que mais mulheres sintam-se encorajadas à denunciar e os criminosos sejam devidamente punidos.