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Enviada em: 25/06/2018

Na obra "O Conto da Aia", a autora Margaret Atwood retrata a violência sofrida pelas mulheres na sociedade através da fictícia República de Gilead, que por intermédio de um Estado opressor as colocam em papéis inferiorizados e resumidos a função reprodutiva. Dessa forma, o livro mostra que essa problemática persiste intrinsecamente ligada à cultura machista impregnada socialmente, em conjunto com ações conservadoras e ineficientes por parte do Governo.    Ao analisar por um prisma histórico, verifica-se que a normatização do assédio sexual é presente desde da Antiguidade, tendo como maior exemplo a lenda da Medusa, que por ser extremamente bonita foi assediada e estuprada por Poseidon, porém, apesar de ser a vítima, foi punida por Atena, deusa da sabedoria, que a deixou com uma aparência repugnante. Sendo assim, esse conto conecta-se com a atualidade ao mostrar a culpabilização das mulheres vítimas de assédio sexual perante a sociedade, que julga o ato baseado na aparência física ou nas roupas das vítimas ao invés de reconhecer à cultura misógina e machista como o principal fator desses casos.      Por conseguinte, é indubitável que as chagas da atualidade é a falta de conscientização por parte da sociedade em relação aos casos de assédio sexual, como no vídeo machista propagado nas redes sociais de brasileiros assediando e humilhando uma mulher russa durante a Copa do Mundo de 2018, em que o ato foi considerado uma "brincadeira" pelos praticantes. Ademais, mesmo com a melhoria dos direitos, com a Lei Maria da Penha, as vertentes conservadoras sobre essa temática impedem um combate eficaz, já que consideram a lei "severa demais", o que "violaria" o principio de igualdade entre os sexos, assim, dificultando uma maior efetividade das políticas públicas brasileiras. Segundo a ativista política Simone de Beauvoir, "O homem é definido como ser humano e a mulher, como fêmea", logo, deve-se mudar esse ideal para resolver essa questão.    Portanto, cabe ao Estado investir na melhoria da Lei Maria da Penha, com o acompanhamento psicológico obrigatório para as vítimas, além da criação de uma emenda constitucional que afaste o agressor dela durante todo o processo criminal, para assim, melhorar o combate sobre essa problemática. Além disso, as universidades do curso de Direito devem colocar o estudo da Lei Maria da Penha como matéria obrigatória, com o intuito de melhorar a sua efetividade dentro do ramo jurídico. Outrossim, é importante que o Ministério da Educação, com o apoio governamental, aumentem o número de palestras sobre assédio sexual dentro da instituições de ensino, para que assim, diminua à cultura machista e misógina presente dentro da sociedade brasileira e futuramente não se tenha mais vítimas como Medusa.