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Enviada em: 01/07/2018

Mulheres sendo importunadas de maneira grosseira nas ruas. Altas taxas de feminicídio. Vagões de metrôs só para elas. Essas cenas corriqueiras revelam como o assédio sexual está presente no meio social, que, embora tão desenvolvido tecnologicamente, ainda não encontrou uma solução satisfatória para esse problema. Isso se dá, entre outras razões, pela herança patriarcal na construção da sociedade e pela falta do exercício da alteridade entre os homens.       Em primeiro lugar, a grande maioria das sociedades se formou segundo o paradigma patriarcal, em que o homem ocupa uma posição de superioridade em relação à mulher e supõe ter um direito de propriedade sobre esta. No Brasil, esse patriarcalismo vem de longa data e é denunciado por Gilberto Freyre em seu livro Casebres e Mucambos. Hodiernamente, essa relação abusiva se manifesta na forma de assédio, em que o homem se vê no direito de tratar a mulher como objeto, infirmando sua dignidade, provocando traumas e sofrimento.       Além disso, falta aos homens a sensibilidade para se colocar no lugar das mulheres e sentirem a revolta do que é ser assediado sexualmente, ao que se chama de alteridade. O filme "Eu não sou um homem fácil" ilustra bem tal situação, na medida em que conta a história de um homem machista que desmaia e acorda em um mundo dominado pelas mulheres, passando a ser vítima do que outrora era causador, o que leva à reflexão sobre os dramas enfrentados no mundo real por elas.       Pelo exposto, propõe-se que a Secretaria dos Direitos Humanos do Governo Federal, em parceria com entidades de apoio a mulheres, crie grupos de intervenção que atuem nas ruas abordando homens e mostrando como as raízes machistas de antigamente afetam o pensamento coletivo de hoje. Além disso, essa abordagem deve mostrar os dramas e possíveis traumas de quem passa por essa violência, instigando, também, o exercício da alteridade entre eles, objetivando sensibilizá-los. Dessa forma, o assédio poderá ser atenuado de maneira efetiva.