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Enviada em: 21/06/2018

Em uma sociedade fundamentada em conceitos machistas e no patriarcado, a igualdade muitas vezes fica só no papel, trazendo graves consequências para as mulheres. Dessa forma, a figura feminina brasileira foi construída de modo que, mesmo após 30 anos da promulgação da Constituição de 1988, é vista como submissa e inferior à figura masculina. Sendo assim, os índices de assédio têm aumentado cada vez mais. Nesse contexto, surgem as problemáticas da eufemização do assédio e do medo de denunciar o acontecimento, que permeiam a sociedade brasileira e devem ser combatidas.  De fato, a banalização do assédio é frequente no Brasil. Nessa perspectiva, os indivíduos alegam que a situação era apenas um gesto de elogio que foi interpretado de maneira equivocada. Além disso, não são raros os discursos que justificam que a mulher foi a culpada do ato. Nesse caso, o agressor alega que as roupas que a vítima usava eram provocantes e seu comportamento o instigava. Entretanto, esse pensamento não tem cabimento, tendo em vista que é a liberdade de expressão é um direito universal. Um exemplo claro disso é a sexualização de Arlequina no filme "Esquadrão Suicida". Por esse ângulo, a personagem sofre agressões de seu parceiro e é vista como submissa à ele. Por conseguinte, a cultura machista é reforçada e os casos de assédio propagam-se.  Outrossim, inúmeros casos de assédio sexual não são denunciados. Mesmo com a existência da Lei Maria da Penha, que defende as mulheres de possíveis agressões, sejam estas físicas, morais ou sexuais, é necessário denunciar para que a delegacia fique ciente da ocorrência do fato. Apesar disso, muitas vítimas não recorrem a esse tipo de recurso. Isso deve-se, principalmente, ao medo de perder o emprego, sofrer maus tratos ou qualquer tipo de repressão. Por essa lógica, é evidente que a violência pode ocorrer em ambientes inimagináveis, como trabalho, escola e até mesmo e na própria residência da vítima. Em consequência disso, a mulher sofre calada, o que torna quase improvável a detecção do episódio. Destarte, passa a ser praticamente impossível acudir a padecente.  Portanto, é notório que medidas precisam ser tomadas com o objetivo de atenuar as problemáticas supracitadas. Assim, no que tange à romantização do assédio, cabe às mídias sociais promover projetos de conscientização da população acerca da gravidade desse tipo de abuso através de meios de comunicação de massas. Com isso, a influência da cultura machista na hodiernidade será contida. Ademais, no que diz respeito à falta de denúncias, é de dever do Ministério da Justiça em parceria com as Delegacias Especializadas no Atendimento à Mulher elaborar cartilhas a fim de disseminar a relevância da queixa. Dessa maneira, tornar-se-á mais fácil constatar o crime, e como consequência, reduzir a impunidade. Afinal, é indispensável o combate ao assédio.