Materiais:
Enviada em: 18/06/2018

Segundo a Constituição de 1988, é assegurada a igualdade de gênero. Apesar disso, ao observar os frequentes casos de assédio sexual em nosso país, verifica-se que essa equidade é constatada na teoria e não desejavelmente na prática e a problemática persiste intrinsecamente ligada à realidade brasileira, perpetuada por uma sociedade ainda machista e com raízes patriarcais.       De acordo com a campanha “Chega de fiu fiu”, idealizada por jornalistas brasileiras na tentativa de reduzir os assédios sexuais, 85% das mulheres já tiveram seu corpo tocado publicamente sem permissão. Esses dados só ratificam o quanto a violência contra a mulher é cotidiana, acontecendo não só dentro de casa por seus maridos, mas também na rua em metrôs, parques, estádios e até mesmo em seus locais de trabalho.       Parafraseando Simone de Beauvoir, escritora e feminista, o opressor não teria tanta força se não tivesse cúmplices entre os oprimidos. Apesar de ninguém desejar ser assediada, ainda há muito machismo até mesmo no meio feminino, fazendo com que muitos casos de assédio sejam vistos como “normais” e não sendo denunciados como deveriam. Logo, o ato de não denunciar, seja por medo ou por não achar necessário, fortalece os opressores e colabora para que esse crime se mantenha em nossa sociedade.       Entretanto, nem sempre o problema é a falta de denúncias, pois muitas mulheres vencem seu medo e denunciam. Certas vezes, contudo, não acontece nada com os assediadores, como por exemplo, o produtor hollywoodiano Harvey Weinstein, que foi denunciado por muitas atrizes, porém, ainda não foi detido. Além disso, há alguns casos em que os homens são presos, mas após ficarem livres, matam as mulheres que os denunciaram, fazendo parte da estatística do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), que diz que em 2 anos houveram mais de 17 mil feminicídios no Brasil.        Mostra-se eficaz diante desse cenário fragilizado, portanto, que a Mídia, em parceria com a União, institua campanhas de engajamento nos meios de comunicação, difundindo maiores informações acerca do movimento feminista e a importância deste para alcançar a equidade, incentivando as mulheres a denunciar e a como identificar quando ocorre um assédio em suas diversas formas. Cabe também ao Poder Legislativo, por meio da criação de leis mais severas e com penas maiores, minimizar a impunidade dos agressores, para que as mulheres se sintam mais seguras na hora de efetuar a denúncia. Aumentam assim as chances de se alcançar uma sociedade realmente legítima e plural.