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Enviada em: 24/06/2018

No drama sul-coreano ''Miss Hammurabi'', centrado na vida da juíza Park Oh Reum, são debatidas diversas questões sociais que, de maneira assídua, são banalizadas, como os diversos casos de assédio sexual. No Brasil, ao relacionar essa problemática, os temas considerados como tabus na sociedade atual com padrões machistas e abordados no seriado, como a falsa lógica de superioridade do sexo masculino e as relações de poder, são apontados como os principais causadores pela persistência dessa prática. Nesse contexto, é necessário discutir os desafios na desconstrução da cultura sexista para reduzir a temática em questão no país.       O acentuado preconceito à liberdade de gênero é o principal responsável pela manutenção dos padrões patriarcais e machistas da sociedade brasileira. Segundo dados da Secretaria da Segurança Pública, apenas no Estado de São Paulo, houve um aumento de cerca de 10% em 2017 nos casos de assédio sexual. Isso ocorre porque, de acordo com o filósofo Aristóteles que, apesar de defender a liberdade e igualdade entre os cidadãos, afirmava haver a existência do ideal de superioridade do sexo masculino, não raro, infelizmente, tal pensamento retrógrado reverbera na atualidade e é projetada nos casos de intolerância de gênero, assim como, na constante culpabilização da vítima.       Outrossim, nota-se, ainda, que a ineficácia das políticas públicas auxilia na persistência da violência advinda do generocentrismo na sociedade brasileira. Segundo dados da pesquisa realizada pelo Instituto YouGov, no Brasil, cerca de 86% das mulheres entrevistadas relataram já terem sofrido assédio em espaços públicos. Isso ocorre porque, por exemplo, no ambiente de trabalho e nos transportes públicos-locais com maior incidência de assédio- há uma relação de poder desequilibrada entre o assediador e a vítima, potencializado pelo sentimento de opressão e impunidade realizada pelo sistema ineficaz. Com efeito, a atual situação de vulnerabilidade das vítimas culmina na cultura de silêncio, sendo assim, é imprescindível medidas efetivas para garantir o direito à dignidade humana.       Em razão disso, é preciso estabelecer a parceria entre o Ministério da Educação e as escolas, para a inclusão das contribuições da mulher na história humana, na cultura e na ciência, com o objetivo de eliminar o pensamento aristotélico de superioridade de gêneros, eliminar preconceitos e evidenciar a importância dessa parcela social. Ademais, o Conselho Nacional de Justiça em colaboração com o Poder Judiciário Estadual, devem realizar mutirões dos casos de assédio sexual para dar celeridade aos processos judiciais, com a finalidade de melhorar a capacidade de punição e diminuir o sentimento de impunidade na sociedade civil. Dessa forma, colaborar-se-ia para que houvesse, no Brasil, a desconstrução da desigualdade de gênero, e o assédio deixaria de ser uma problemática no país.