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Enviada em: 19/06/2018

O sociólogo Émile Durkheim observou que o caráter, a personalidade e todas as ações de um indivíduo são o resultado do meio social no qual ele está inserido. Em analogia ao contexto comunitário brasileiro, o fato da dificuldade de exterminar a ocorrência dos casos de assédio sexual é diretamente ligado aos padrões culturais do Brasil, seja pelos persistentes hábitos machistas, seja pela desigualdade da aplicação dos direitos civis quanto às mulheres.         Primeiramente, cabe pontuar que o maior desafio para reduzir o assédio sexual é a perpetuação da cultura machista. Comprova-se isso, através dos aspectos sociais da pré-história, os quais eram baseados em uma estrutura familiar na qual o homem caçava e a mulher cozinhava, assim como cuidava dos filhos, isto é, desde os primórdios da sociedade humana, as mulheres sempre tiveram uma relação de subordinação aos homens, pois, ainda em analogia à pré-história, se o homem não caçasse, a mulher não teria como fazer a tarefa de cozinhar. Logo, percebe-se que a cultura da superioridade do gênero masculino fora imposta desde o início da história da humanidade, e que em virtude disso, a cultura de que a mulher deve ser subordinada ao homem fixou-se na sociedade de forma que o assédio sexual seja fundamentado em razão dessa cultura.        Ademais, convém frisar que o fato das mulheres terem seus direitos garantidos tal como os homens na constituição brasileira de 1988, não simboliza que ambos sejam igualmente aplicados na sociedade. Uma prova disso está na analogia do fim da escravidão do Brasil e da hodierna conquista dos direitos civis das mulheres: mesmo que a escravidão tenha acabado há mais de 100 anos, a condição de liberdade dos negros gerou a fundamentação de preconceitos raciais que demonstram a inadaptação do Brasil com mudanças culturais, tal como aconteceu com a conquista do “voto de saias” na Era Vargas, o qual demostra que para cada liberdade condicionada às mulheres, há também o fortalecimento do machismo como empecilho para uma estrutura social igualitária. Diante disso, nota-se que o machismo é uma cultura que impede a similitude entre os gêneros e que sequencia a ocorrência do assédio sexual como um protesto de persistência à rebuscada subordinação da mulher perante uma sociedade historicamente machista.    Portanto, para que haja redução nos casos de assédio sexual no Brasil, uma medida deve ser tomada. O governo juntamente com o Ministério da Cultura precisa criar uma campanha nacional contra a persistência da cultura machista através do apoio da mídia e das escolas. Tal campanha necessita ser aplicada anualmente nas escolas por intermédio de rodas de conversas que estimulem o fortalecimento de uma sociedade igualitária, assim como a mídia deve democratizar esses tópicos nas redes sociais.