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Enviada em: 19/06/2018

Apesar de muito romantizado, o filme 50 Tons de Cinza apresenta traços claros de violência sexual e psicológica contra mulher, retratando um homem machista e controlador que faz sua parceira ceder à todas as suas vontades, ditando como agir, o que usar, comer, etc. Sob essa ótica, é indubitável a persistência do assédio sexual na sociedade atual, seja pela cultura machista ou pela banalização desse tipo de violência.         Em primeira análise, a cultura machista de inferiorização da mulher se apresenta como um propulsor dos casos de assédio. Isso ocorre, segundo Bordieu, por meio da violência simbólica exercida pelos meios de comunicação, sistemas de ensino e poder, em que o objetivo é naturalizar estruturas sociais e diferenças de gênero impostas. Por conseguinte, a visão de sexo frágil, passível de assédio e que o homem tem livre acesso ao corpo feminino é adotada, aumentando assim os casos de abusos sexuais.   Outrossim, a banalização do assédio ainda é uma das causas para a sua perpetuação. Tornou-se cotidiano mulheres passando por situações de abuso até mesmo em espaços públicos com as cantadas de cunho sexual e violento. De acordo com Hannah Arendt, a pior maldade deriva da irreflexão. Diante disso, ações aparentemente inofensivas, como essas cantadas, estimulam a persistência de práticas abusivas. Nesse viés, é imperativo repensar  comportamentos diários.         Torna-se necessário, portanto, adotar medidas eficazes que assegurem o direito de liberdade sexual feminina. Cabe ao Ministério da Segurança investir em delegacias direcionadas ao público feminino que funcionem em tempo integral captando denúncias, haja vista o assédio caracterizado como crime. Ademais, as delegacias devem oferecer suporte às mulheres, disponibilizando assistência jurídica e psicológica com profissionais adequados e qualificados. Quem sabe assim, perfaça-se uma sociedade livre das mazelas da violência e assédio sexual.