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Enviada em: 29/06/2018

O assédio sexual é uma insistência inconveniente e não requerida em relação a alguém que ocorre nas ruas, nos transportes públicos, nas escolas e no trabalho, ceifando o exercimento da liberdade da vítima. Essa ação é praticada principalmente por homens e atinge as mulheres, uma vez que a cultura machista ainda se faz presente na sociedade. Além disso, muitas não sabem quais são as atitudes que tipificam esse incômodo, o que dificulta as denúncias e punições.  O ordenamento patriarcal com a organização em torno da autoridade masculina e o pensamento que considera o homem superior à mulher permanecem enraizados na cultura brasileira e naturalizam o assédio. Com esse comportamento ''socialmente aceito'', o assediador não sente constrangimento algum, contribuindo para a grande incidência dos casos em espaços públicos. Isso fica evidenciado na pesquisa feita pela Organização Não Governamental (ONG) Think Olga com 8000 mulheres: 98% já foram atormentadas com esse ato na rua, 83% não gostam de cantadas, 85% sofreram com toques no corpo sem consentimento e 81% deixaram de fazer algo com medo de serem assediadas. Como efeito, tal prática do gênero masculino prejudica a autonomia do feminino, além de criar um constrangimento e receio nas vítimas.  Um outro desafio é que muitas não identificam o que passaram como violência, pois têm ideia de que é normal vivenciarem essas condutas. Em virtude disso, o famoso ''fiu fiu'' e outras cantadas são vistos com meros elogios e passam despercebidos como assédio sexual, porque estão travestidos de flertes. Como não são criminalizados em muitos países, grande parte das atingidas não denunciam os ataques que sofrem, o que perpetua o abuso dos homens em diferentes lugares. Dessa maneira, a objetificação do corpo feminino restringe o direito das mulheres à liberdade em diversos locais, fazendo com que muitas campanhas, como o Chega de Fiu Fiu, TimesUp, MeuPrimeiroAssédio e DeixaElaTrabalhar ganhassem reconhecimento e mostrassem a necessidade de respeito e de uma mudança profunda.  É vital, portanto, que o poder legislativo juntamente com as secretarias das mulheres elaborem uma legislação que tipifique cantadas, assobios e outras ações inconvenientes como assédio sexual, visto que o Código Penal só considera crime se houver uma relação hierárquica entres as partes, além de ampliar a pena para mais tempo e aumentar o preço da multa como na França e Peru a fim de possibilitar que as mulheres saibam que serão amparadas pela justiça. Outrossim, o movimento feminista e as ONG's devem propagar as campanhas nas redes sociais e nas escolas por meio de palestras para coibir essa cultura machista e incentivar todas a não ficarem caladas e denunciarem a situação. Assim, o país diminuirá a ocorrência dessa adversidade.