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Enviada em: 01/06/2018

Segundo a historiografia, na Roma Antiga o patriarca familiar era o homem, enquanto os demais componentes da casa eram submetidos a ele, inclusive a mulher. Esse sistema tornou-se a base da formação de toda a estrutura social da humanidade e foi reproduzida com o passar do tempo. Na pós-modernidade, a ideia da submissão feminina, embora contestada pelo Movimento Feminista, ainda é constantemente evocada no cotidiano das mulheres seja pela objetificação delas, seja pela relativização da violência contra esse público, o que mostra que tal problemática está culturalmente enraizada na sociedade.              Sob tal ótica, na obra "A Noção de Cultura nas Ciências Sociais" o autor Denys Cuche chama atenção para os comportamentos ditos "naturais", mas que, na verdade, são condicionados pela cultura. Nesse viés, a objetificação da mulher consiste na repetição do obsoleto contrato tácito de troca, uma herança patriarcal na qual era exigido da mulher a satisfação sexual de seu esposo e provedor. Dessa forma, desconsidera-se todo o valor emocional e psicológico feminino, enquadrando a mulher no papel de brinquedo sexual e objeto de desejo masculino. Tais ideologias expressam-se  nas campanhas publicitárias, as quais instigam esse padrão cultural e corroboram a estereotipação - além da exclusão e autodepreciação das mulheres fora do "ideal" -, bem como nas olhadas e assovios na rua.             Por conseguinte, dentre as diversas maneiras de violentar um indivíduo, pode-se considerar o estupro como a pior delas, sendo a única em que a vítima é julgada junto com o agressor. Segundo dados de 2014 do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada quanto às situações de estupro, em 90% dos casos o agressor é um homem e as vítimas são mulheres, além de em 40% dos casos o agressor ser um conhecido, como pai, amigo ou namorado. Com isso, a cultura do estupro, responsável por silenciar tais práticas, ocasionam na desconfiança daquela que deveria encontrar apoio e auxílio nas autoridades: a vítima. A descrença acerca da violência que sofreram atenua a ação do agressor, o que reduz cada vez mais o número de mulheres que denunciam esse abuso.              Infere-se, portanto, que medidas são necessárias. Assim, a Mídia deve substituir as campanhas publicitárias instigantes por chamadas que evoquem o valor da mulher como um ser completo e independente, a fim de desconstruir o ciclo de objetificação feminina. Ademais, o Governo deve liberar verba para que policiais e médicos legistas sejam treinados com respeito e empatia, além de aumentar o número de mulheres nesses cargos, para que as vítimas de estupro sejam recebidas com mais confiança e, assim, as denúncias de casos mais delicados sejam cada vez mais notificadas. Dessa forma, a sociedade atentar-se-á aos comportamentos culturais nocivos e os assédios serão reduzidos.