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Enviada em: 15/02/2018

O paradoxo ilógico: a mulher e o sexo frágil       "A Vênus adormecida", de Giorgine, "Vênus e Cupido", de Ticiano e "O nascimento de Vênus, de Botticelli. Todas essas obras mitológicas representam a deusa Vênus, sempre nua, em uma posição central e sexualizada. Estas representações, embora elaboradas em outro contexto, culminaram em um processo histórico. Neste, ao atingir a cultura contemporânea, utilizou-se dos mesmos artifícios. Seja com a Mulher Maravilha, em seu uniforme decotado, no combate ao crime; ou até, as revistas pornográficas masculinas. Em ambas banaliza-se a mulher, assim como sua sexualização, sendo, ao mesmo tempo, uma das causas dos assédios sexuais e também uma das dificuldades de combatê-los.        No mundo contemporâneo atual, então, afirma-se um paradoxo: as mulheres buscam o fim dos ataques sexuais, mas ao mesmo tempo, a indústria cultural contra-ataca com suas representações de comportamentos violentos e machistas. Tal violência, por exemplo, é expressa nas campanhas publicitárias de algumas festas noturnas, nas quais vinculam o fato de ser "open-bar" para o sexo feminino. Com isso, essas propagandas pretendem atrair o público masculino, ao subentender-se que, assim, as mulheres tornariam-se mais vulneráveis ao assédio. A propagação reiterada desses tipos de anúncios culminam, como já cogitava a Alegoria da Caverna, de Platão - onde estabelece-se que a  consequente representação constante de algo determina aos humanos a ilustração daquele fato ser a verdade - uma aceitação desses valores.        Tal paradoxo restabelece-se sobre uma nova prerrogativa: hoje em dias, as mulheres começaram a denunciar os casos de assédios, mas haverão consequências aos culpados? Esta indagação pode ser exemplificada pelos casos recentes de ataques sexuais em Hollywood. Nestes, diversas atrizes relatam experiências sexuais forçadas com atores, produtores e diretores, como Lars Von Trier e Ben Affleck. A demora entre o ato e a acusação do responsável demonstra o receio e o medo das mulheres frente ao "poder masculino". Em um movimento de apoio ao fim desse paradoxo, na premiação do Globo de Ouro, as atrizes vestiram-se de preto, em luto por suas parceiras femininas e profissionais.         Assim como representado nas obras renascentistas, as mulheres, no atual mundo contemporâneo, continuam sendo relacionadas à uma sexualização "frágil", seja em propagandas ou em seu trabalho. Com isso, os casos de assédio sexual são constantes e devem ser combatidas. No intuito de solucionar esta problemática, o Ministério das Mulheres deve produzir um aplicativo - "Mulheres: uni-vos, sem mais assédios!" - no qual ligar-se-á vítimas de abusos com psicólogas policiais femininas. Sendo estas responsáveis por provir apoio psicológico, criminológico e advocatício à essas mulheres.