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Enviada em: 08/04/2018

Eudaimonia. Concepção dada por Aristóteles como finalidade natural de todo ser humano. Esse estado de felicidade plena fluiria de uma vida ética e do empenho de cada cidadão em buscar o bem comum para o convívio virtuoso da Polis. No entanto, esse conceito há muito se perdeu - ou, talvez, nunca tenha se concretizado -, pois, perpetua-se até a contemporaneidade problemas éticos que afetam toda sociedade, principalmente, as minorias . Nesse sentido, denota-se um desses maiores e violentos obstáculos: o assédio sexual contra a mulher. Cantadas. Abusos. Estupros,  são as poucas certezas esperadas para as mulheres no  mundo de hoje. De fato, a construção de uma sociedade patriarcal potencializada pela religião, institucionalizou-se, legitimando a dominação masculina - fator preponderante à violência contra a mulher, pois caracteriza-a como objeto de propriedade do homem. Prova disso são os dados da campanha "Chega de Fiu Fiu", revelando que 85% das mulheres já foram tocadas sem consentimento em público. Assim,  evidência-se a banalização de sua imagem, ou seja, a supervaloração de seu corpo em detrimentos dos aspectos que as definem como indivíduos. É indubitável que o contexto da formação social corroborou com essa falha. Contudo, há demais fatores que evitam uma deliberação eficiente sobre o tema e favorecem sua própria manutenção. De acordo com Sérgio Buarque, importante sociólogo do século XX, o "homem cordeal"  pessoaliza as relações opressoras, tratando-as com familiaridade e naturalidade. Desse modo, impedem uma transformação necessária nas relações de gênero, visto que internalizaram essa visão passiva de mundo e reproduzem o próprio machismo, habitualmente. Fica claro, portanto, que para a  superação do assédio sexual faz preciso medidas que tratem de forma estrutural o problema, atacando suas raízes. Cabe, nesse sentido, ao Ministério da Educação (MEC) fomentar nas escolas palestras com antropólogos e sociólogos que discorram sobre o assédio contra a mulher numa perspectiva educacional, a fim de conscientizarem, desde do início da formação escolar, a igualdade de gênero. Além disso,  o governo deve fazer valer de penas mais severas aqueles que desrespeitarem a integridade física e psíquica da mulher, cessando, assim, qualquer sentimento de impunidade. Desse modo, talvez a sociedade aproximá-se-ia do ideal teleológico de felicidade, uma vez concebido por Aristóteles.