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Enviada em: 14/04/2018

No século XIX Gonçalves de Magalhães iniciou um movimento artístico denominado Romantismo, que transmitia, por intermédio de seus personagens, uma conduta de submissão feminina. Hodiernamente, tal comportamento ainda se encontra enraizado na sociedade, se manifestando de diversas formas tendo como exemplo a cultura do assédio. Sendo assim, é preciso ultrapassar os desafios existentes, visando sempre reduzir os casos de assédio sexual, que reflete a carga cultural brasileira de banalização da violência. A priori é válido destacar a diferença entre assédio e elogio. Segundo a jornalista Thaís Nunes, o contraste entre os dois conceitos está no constrangimento que tal ato provoca, que tanto de coagir a vítima, quanto cerceia a sua liberdade. Além disso, tal atitude gera um sentimento de insegurança, pois fere não só o artigo 216 do código penal, como também o artigo 5° da constituição federal - o direito de ir e vir. Desse modo, há a banalização da violência, principalmente nas redes sociais, na qual relatos de abusos e cantadas ofensivas gera no agressor um sentimento de impunidade e no agredido uma sensação de impotência e inferioridade. Outrossim, ainda há a carga cultural que o Brasil carrega desde o período colonial. Indubitavelmente, uma das causas dos assédios é a visão machista e patriarcal sobre a conduta feminina. Um exemplo disso está no caso de Nalia Raza, uma garota paquistanesa de 17 anos que foi atacada com ácido por ter rejeitado seu professor. Isso porque, no machismo, os ideais conservadores se sobrepõem à realidade, tornando o corpo da mulher público. Tal situação pode ser comprovada a partir da pesquisa realizada pela campanha Chega de Fiu-Fiu que num universo de oito mil mulheres 99,6% já sofreram com esse mal. Fica claro, portanto, que a formação cultural brasileira não só subjuga a mulher e seu empoderamento, bem como cerceia seu direito de ir e vir, transformando a luta contra o assédio algo essencial. Buscando solucionar essa mazela, a escola, como uma instituição socializadora, deve trabalhar para estender o debate e na criação de aulas de conscientização às crianças a fim de fomentar o respeito aos direitos da mulher. As ONGs, por sua vez, devem continuar com as campanhas que visam denunciar as opressões vividas, trocar experiências e atrair a atenção da mídia e das pessoas para conterem esse mal, como a “Meu primeiro assédio” e a “Vamos juntas?”. Por fim, o Governo, sendo mais punitivo nas leis contra essa situação garantirá o reconhecimento da liberdade feminina. Só assim, a submissão feminina do Romantismo será substituído pelo empoderamento feminino.