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Enviada em: 03/07/2018

O agronegócio esteve na base da economia brasileira desde o período colonial, iniciando com os engenhos de cana de açúcar no litoral nordestino e, posteriormente, com o plantio do café no sudeste. Esse processo histórico contribuiu para a concentração fundiária que existe no meio rural hoje e, consequentemente, favoreceu o aumento do poder dos grandes latifundiários, cujos interesses econômicos muitas vezes são contrários ao desenvolvimento sustentável e ao respeito às populações tradicionais. A Revolução Verde, que ocorreu no Brasil entre as décadas de 1960 e 1970, permitiu ao país um significativo incremento de sua produção agrícola por meio da introdução de novas tecnologias no campo. No entanto, essa expansão não apresentou a devida preocupação com os impactos ambientais decorrentes da ampla utilização de agrotóxicos, fertilizantes e outros insumos agrícolas. Como resultado, o Brasil encontra-se atualmente prejudicado pela contaminação de solos, rios, fauna e flora, além do desmatamento de grandes áreas de floresta e cerrado visando a expansão da fronteira agrícola do país. Se, por um lado, a depredação da Amazônia foi reduzida nos últimos dez anos, o cerrado perdeu quase 50% da vegetação original em menos de 50 anos, de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Somado à agressão ambiental, também é notável o impacto social das práticas predatórias promovidas pelo agronegócio. Uma das principais consequências dessas atividades é o êxodo rural, uma vez que nem todos produtores conseguem arcar com os custos da modernização, levando-os a vender suas propriedades. Nesse processo, muitos migram para as cidades agravando problemas como o inchaço urbano, o desemprego e o trabalho informal. Outro ponto de disputa é a demarcação de terras indígenas e quilombolas, que sofre oposição acirrada do "lobby" ruralista no Congresso Nacional, ameaçando a autodeterminação de grupos que já são marginalizados na sociedade.  Considerando essas informações, torna-se necessária a adoção de algumas medidas no sentido de promover uma agricultura mais ecológica e comprometida com o desenvolvimento social. A primeira delas seria a revogação pelo Congresso de projetos de lei que autorizam o uso de agrotóxicos comprovadamente prejudiciais à saúde. Paralelamente, destaca-se a importância dos subsídios estatais à produção familiar, responsável por 70% dos alimentos consumidos pela população brasileira, segundo o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS). Por fim, é importante ressaltar o valor de políticas públicas focadas na educação agroecológica no campo, por meio da criação de cursos profissionalizantes pelo Ministério da Educação.