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Enviada em: 08/08/2018

De modo semelhante à estética Árcade, cuja temática principal era a valorização do campo, no cenário brasileiro atual a relevância das grandes fazendas é incontestável. Entretanto, hodiernamente, a relação entre o país e as terras interioranas perpassa a admiração bucólica do século XVIII e atinge patamares econômicos, visto que o agronegócio é a atividade mais rentável ao território nacional. Contudo, a expansão agrícola, apesar de lucrativa, é foco de diversas polêmicas, seja no contexto ecológico, seja no que diz respeito à preservação cultural.       Em primeiro lugar, convém ressaltar que, com o aumento do contingente populacional, a demanda por alimentos passou a ser cada vez maior. Nesse viés, sob a justificativa de acabar com a fome no mundo, ocorre, a partir de 1950, a Revolução Verde, que introduz no campo tecnologias como máquinas e agrotóxicos. No entanto, apesar do aumento na produção agrícola, a constante busca por lucro fez com que os proprietários expandissem, cada vez mais, suas fronteiras, por meio da devastação de biomas como o Cerrado e a Amazônia, de maneira a promover males como a erosão e o aquecimento global; soma-se a isso o intenso uso de agroquímicos e pesticidas e a consequente contaminação dos solos e do próprio homem, tem-se justificado o pensamento Baconiano, de que a natureza só pode ser comandada, se for respeitada.     Em segunda instância, se por um lado a expansão do agronegócio corrobora os impactos ambientais, por outro, influencia negativamente a cultura daqueles que foram os pioneiros na ocupação do país. Nesse âmbito, destaca-se a questão das terras demarcadas como reservas indígenas que, segundo dados da Fundação Nacional do Índio, correspondiam à 12,5% do território brasileiro no ano de 2010. Todavia, o avanço do setor agrícola ultrapassou os limites estabelecidos pela lei e causou o desmatamento de 32% dessas áreas, segundo a mesma fonte, de forma a contribuir para o enfraquecimento da cultura desses povos.      Urge, portanto, a adoção de medidas que possibilitem a coexistência do lucro, da preservação ecológica e do respeito. Logo, convém ao Ministério do Meio Ambiente mapear regiões de preservação ambiental e cultural, proibir a devastação dessas áreas, intensificar a fiscalização das atividades agroindustriais e aplicar penas severas aos agricultores que descumprirem a lei. Concomitantemente, o Governo, em parceria com a iniciativa privada, deve investir em pesquisas e financiar estudos que tenham como objetivo aumentar a produtividade do setor agrícola, a fim de alcançar maiores produções em menores áreas, com o fito de reduzir a degradação de grandes terrenos. Quem sabe, assim, a valorização da natureza e dos "locus amoenus" árcades, seja comum ao Brasil contemporâneo.