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Enviada em: 17/08/2018

‘’Há muitos na freguesia/por causa de um coronel/que se chamou Zacarias/ e que foi o mais antigo/ senhor desta sesmaria’’. Os versos do poema modernista, ‘’morte e vida Severina’’ de João Cabral de Melo Neto, explicam a distribuição desigual ao colocar grandes porções de terra nas mãos de poucas pessoas. Nesse contexto, o protagonista da economia brasileira, agronegócio, apropria-se das terras de milhares de ‘’Severinos’’e deteriora o meio ambiente. Ora, ‘’ o agro pop’’ esconde debaixo dos tapetes o seu lado perverso.        Nessa perspectiva, a expansão dos latifúndios, com alto grau de mecanização, corrobora para o aumento da concentração fundiária. Conforme o ativista Martin Luther King, ‘’todo progresso é precário, e a solução para um problema coloca o indivíduo diante de outro problema’’. Nessa lógica, apenas os grandes agricultores se beneficiaram com o tal ‘’progresso’’, visto que o trabalhador rural e os indígenas perderam a posse de suas terras, sendo condenados à fome e à miséria. De acordo com os dados do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), entre 2010 e 2014, seis milhões de hectares passaram para as mãos de grandes proprietários. De fato, o modelo de desenvolvimento do país é marcado notadamente pela exclusão social.        Ademais, o progresso tecnológico impulsionou o avanço das fronteiras agrícolas. A descoberta de técnicas de correção da acidez do solo tornou áreas consideras não agricultáveis em grandes produtoras de alimento ao redor do território brasileiro. Por conseguinte, a ascensão da agropecuária está relacionada ao desmate de grandes áreas florestais, sobretudo no plantio da soja no cerrado, que teve a maior parte do seu bioma destruído pelo agronegócio, permanecendo com menos de 20% de sua área original segundo os dados do IBGE (2017). Desse modo, existe um paradoxo em almejar desenvolvimento e arruinar o espaço natural. Logo, o IBAMA deve estimular o reflorestamento nas áreas que foram desmatadas, com o objetivo de recuperar a fauna e a flora.         Superar, portanto, os impactos negativos do agronegócio requerem desafios. Para isso, o Governo Federal deve realizar uma política de reforma agrária no país, por meio de estudos e mapeamento de áreas consideradas improdutivas e liberação de crédito financeiro, com intuito de diminuir o número de latifúndios, como também garantir condições de sustentação dos pequenos e médios produtores rurais. Outrossim, cabe ao Congresso Nacional à criação de Lei que aumente os valores das multas aplicadas aos infratores do meio ambiente, por meio de estudos e audiências públicas com a participação do Ministério Público e engenheiros ambientais, a fim de educar e coibir atos inflacionais diante das penalidades maiores.