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Enviada em: 02/09/2018

É indispensável salientar que a Magna Carta brasileira, de 1988, garante que a União, no Art. 231, reconheça a cultura indígena, além de demarcar e proteger o seu território. Todavia, a prática deturpa teoria, visto que esses grupos vêm sendo alvo de violência física e moral, além de terem seus territórios invadidos por empresas e latifundiários. Torna-se evidente, então, que o Brasil não vem se comportando como um país multicultural, pois, desde 1500, a desvalorização da cultura indígena e do seu legado vem aumentando.                   Mormente, é possível notar a banalização dos direitos indígenas quando nem leis que julgam as agressões - resultadas da discriminação e preconceito de raça, cor, etnia e religião - dão conta de protegê-los, posto que, os noticiários têm cada vez mais divulgado sobre casos de ataques, oriundos desse tipo de crime. Um exemplo disso foi o relatório feito, em 2016, pelo CiMi (Conselho Indigenista Missionário), relatando que os casos de homicídio, suicídio e mortalidade infantil entre os índios vêm aumentando. Ademais, o exacerbado individualismo é o principal responsável pela invisibilidade indígena perante a população brasileira. Isso pois, na pós-modernidade, conforme o sociólogo Bauman, as pessoas buscam cada vez menos se envolver nas relações interpessoais no decorrer da vida, trazendo como consequência o aumento da degradação e da invisibilidade da cultura desse grupo.             Outrossim, observa-se, ainda, que a competição existente dentro do sistema capitalista contribui para a deterioração da biodiversidade e da diversidade étnica, uma vez que o lucro é o único visado, já as minorias e o meio ambiente são postergados. Tal realidade vergonhosa e escatológica pode ser observada quando nem os direitos sobre as terras, que deveriam ser delimitadas pelo Estado, é respeitado. Isso porque nem todas as terras foram demarcadas como ordena o Art. 231 da constituição, já a maioria das que foram separadas não conseguem ser utilizadas sem briga entre os indígenas e os latifundiários, resultando na permanência do genocídio indígena criado durante a colonização.                   Diante desses impasses, necessita-se, que a União, juntamente com a Fundação Nacional do Índio, promova os direitos dos povos indígenas, demarcando, efetivamente, esses territórios, impedindo e punindo o uso dessas terras por empresas e latifundiários através de fiscalizações. Além disso, é de suma importância que o Ministério da Educação, em parceria com as escolas, inclua disciplina de ética e cidadania no currículo escolar, promovendo também palestras sobre a importância de se valorizar a diversidade cultural. Essas ações, em conjunto, possibilitarão o efetivo cumprimento da Constituição, além de desconstruir o individualismo enraizado na sociedade, viabilizando, então, a valorização da cultura indígena e do seu legado.