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Enviada em: 09/10/2018

"A terra não é do homem, o homem que é da terra. Enquanto a terra for do homem, haverá guerra." A imortalizada frase de Oriente, grupo de rap brasileiro, embalsama os ideais que configuram a atual lógica de produção monocultora e latifundiária enraizada no país. Esse sistema exterioriza o irracional sentimento de posse do homem para com o meio ambiente, que expande, indevidamente, o agronegócio e resulta em aterradores prejuízos sociais e ambientais. Assim, faz-se urgente analisar as causas da exponencial ampliação desse sistema e suas polêmicas.        É indubitável que a questão constitucional e sua aplicação fomentem a utilização do meio ambiente focada apenas em gerir os negócios comuns aos grandes proprietários, que expande as barreiras do agronegócio brasileiro. Conforme a Carta Magna de 1988, compõe um objetivo fundamental da República garantir o manejo sustentável da natureza. Todavia, as políticas governamentais não alcançam os fins estipulados pela Constituição, dada a existência de uma "bancada ruralista" que atua em benefício da prosperidade dos grandes latifundiários e impede o fortalecimento de uma agricultura ecológica que promova o bem estar coletivo. Tal conjuntura, além de ampliar o desmatamento e a alarmante concentração fundiária, homogeneíza a produção alimentícia brasileira.        Ademais, a falta de engajamento social também representa um entrave para conter a expansão do agronegócio no Brasil. Uma vez que o consumidor pouco incentiva o pequeno produtor de alimentos orgânicos, este é pressionado no sentido de aderir ao sistema convencional de produção para obter competitividade no mercado e garantir a sua subsistência. Assim, o uso indevido de agrotóxicos e fertilizantes é ampliado e o pequeno produtor rural perde a sua autonomia diante da produção, já que passará a depender das empresas que monopolizam a tecnologia e os insumos agrícolas necessários. Dentro dessa lógica, novamente, os grandes agricultores são beneficiados e a expansão do agronegócio é ampliada, perpetuando esse sistema negligente com aspectos sociais e ambientais.       Portanto, a fim de impor barreiras à expansão do agronegócio brasileiro e conter seus danosos efeitos, é necessário que o Ministério da Agricultura conceda significativos benefícios fiscais aos pequenos produtores rurais, objetivando o desenvolvimento de uma produção ecológica baseada no sistema de policultura. Dessa forma, a produção orgânica será viável e o pequeno agricultor resistirá à adesão ao sistema tradicional de monocultura e à submissão aos grandes latifundiários. Além disso, cabe à mídia, por meio de campanhas em TV aberta, conscientizar a população da importância de eleger representantes que atuem em benefício do bem estar coletivo e da natureza, a fim de destituir a  perversa "bancada ruralista" presente na política brasileira. Assim, será possível conter a expansão do agronegócio.