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Enviada em: 01/04/2018

A devastação ambiental em prol dos interesses financeiros  ocorre desde o período colonial e se perpetua até hoje no Brasil. No entanto, como não há quantidade suficiente de mata atlântica para explorar mais, o cerrado tornou-se a primeira opção. Nesse contexto, a expansão do agronegócio sobre esse bioma conta com o desmatamento crescente e expansão da estrutura latifundiária.   Em primeiro plano, o relatório Conflitos no Campo Brasil 2016 relata um aumento na produção agropecuária no Cerrado às custas de uma área plantada 77% maior. Tal realidade impossibilita se pensar na existência de alguma vantagem no progresso com base no desmatamento de um bioma, pois além da retirada da cobertura vegetal, tem-se a extinção da fauna e flora junto ao risco de comprometimento das reservas de água subterrâneas e futura erosão como consequências. Assim, é preciso que o desenvolvimento das atividades humanas ocorra a partir do emprego de tecnologias e estudos de longo prazo, de forma a minimizar os danos e a necessidade de se utilizar novas áreas.   Em segundo plano, o avanço do agronegócio favorece a expansão do modelo de latifúndio no Brasil. Como Chico César descreve na música "Reis do Agronegócio", eles oprimem quem produz e preserva, além de assediarem os pequenos proprietários. Essa realidade ocorre pois ao passo que a agricultura mecanizada penetra nas áreas mais interioranas, os conflitos no campo aumentam. Desse modo, as comunidades quilombolas, extrativistas, indígenas e de agricultura familiar se sentem ameaçadas e saem de suas terras. Como consequência, a estrutura do latifúndio cresce e contribui para o crescimento de uma massa de trabalhadores sem-terra.   Portanto, são necessárias medidas para frear o avanço das atividades comerciais que ameacem o meio ambiente e as pequenas comunidades. Para isso, o ministério do meio ambiente precisa criar uma ouvidoria e um canal digitais e acessíveis para toda a população realizar denúncias relacionadas ao tema. Bem como, deve fiscalizar com mais rigor as instalações e ampliações das áreas destinadas à agricultura e pecuária, de modo a aumentar as multas sobre os envolvidos em crimes nessa área e reverter parte da verba para projetos de preservação ambiental. Ademais, os núcleos tecnológicos e as universidades de cada região poderiam empregar a verba obtida com as multas para o desenvolvimento de sistemas de sensoriamento remoto, os quais permitam a vigilância das coberturas florestais, mananciais e reservas existentes em tempo real. Esses sistemas podem ser aperfeiçoados na forma de aplicativos para smartphones e disponibilizados para a população, assim ela terá maior consciência sobre os recursos naturais e servirá como agente ativo na denúncia de crimes ambientais.