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Enviada em: 28/05/2018

Durante o período colonial, porções de terra denominadas "sesmarias" foram doadas a certos proprietários pelo rei de Portugal a fim de explorá-las. Hoje, a realidade do agronegócio no Brasil ainda segue o velho modelo vigente naquele período: com predomínio da concentração de terras e da monocultura exportadora. Tal modelo evidencia a desigualdade enraizada no país, além de ser, muitas vezes, prejudicial em relação à questões sociais e ambientais. Ainda assim, o Brasil depende e muito do agronegócio, seja para manter sua balança comercial favorável ou pela força da bancada ruralista no Congresso.     Em primeira análise, é válido pontuar que apesar de ser uma das bases da economia brasileira, a expansão do agronegócio tem impactos negativos para o pequeno e médio produtor, que são maioria no país. Nesse sentido, os produtos cultivados em grandes latifúndios são priorizados em detrimento da agricultura familiar. Dessa forma, o dinheiro fica concentrado na mão de poucos. Ademais, esses produtos são, majoritariamente, destinados à exportação e não para abastecer o mercado interno, motivo pelo qual o Brasil é conhecido como "celeiro do mundo".      Além disso, a expansão da fronteira agrícola tem seguido uma lógica de violência e desmatamento. Nesse contexto, populações indígenas -como a tribo Guarani Kaiowá- e populações ribeirinhas foram desalojados de seus territórios, muitas vezes à base de extrema agressividade. Assim, terras que eram usadas de forma sustentável pelos nativos tiveram seus solos deteriorados pela agropecuária extensiva, seus rios contaminados pelo uso indiscriminado de agrotóxicos e florestas queimadas para a retirada da vegetação local.     Percebe-se, portanto, que medidas devem ser tomadas para se estabelecer uma relação harmônica entre desenvolvimento econômico e o uso das terras agricultáveis de forma humana e sustentável no Brasil. Para isso, é importante que o Governo Federal estabeleça, de forma efetiva, a reforma agrária no país em prol de uma melhor distribuição das terras férteis. Dessa forma, os grandes latifúndios devem ser repartidos entre outros proprietários que se comprometam a produzir e cuidar dos hectares que lhe foram concedidos de forma sustentável e orgânica. Nesse contexto, cabe mencionar que alguns exemplos de famílias beneficiadas com acesso à terra tem mostrado que é possível aumentar a produção mantendo o compromisso com a conservação ambiental. Ainda assim, deve-se haver uma fiscalização dessas áreas regularmente para que não haja exploração dos trabalhadores, violência contra nativos e degradação do meio ambiente. Somente assim, o Brasil poderá romper com esse modelo predatório e arcaico de desenvolvimento herdado do período colonial.