Materiais:
Enviada em: 01/11/2018

Para o filósofo grego Platão, viver com qualidade de vida era mais importante que o próprio ato de viver. Contudo, numa sociedade cujos costumes estão em constante transformação, seja por influência da indústria, da cultura ou dos conhecimentos adquiridos pela humanidade, o conceito acerca do que é viver bem pode ser relativizado. Dessa forma, construiu-se uma ideia, no século passado, a qual associava o tabagismo a uma maior potência vital. Todavia, hodiernamente, há uma gama de pesquisas que comprovam os males que o vício provoca. A Organização Mundial da Saúde (OMS), por exemplo, relata que até um bilhão de pessoas podem morrer no século XXI por danos provocados pela droga. Tal fato revela a necessidade de uma radical mudança na forma como a sociedade lida com o cigarro.       Tangente à conjuntura supracitada, a indústria do cigarro, devido à sua importância na economia mundial do século XX, por meio de uma propaganda massiva, levou parte expressiva da população mundial a acreditar que o tabagismo pudesse ser benéfico à saúde. Entretanto, trata-se de uma droga extremamente viciante, a qual aumenta as doses de dopamina no organismo humano, gerando uma sensação compensatória temporária. Destarte, corrobora-se tal fato na teoria do polonês Zygmunt Bauman acerca da "modernidade fluida". Para o sociólogo, as pessoas da contemporaneidade possuem extrema liberdade individual e buscam drogas geradoras de prazer imediato, como o tabaco.        Porém, o prazer pessoal e efêmero gerado pelo cigarro tem um preço elevado para a saúde pública. De acordo com publicação da Revista Galileu, o tabagismo gera um prejuízo anual de aproximadamente 14,7 bilhões de reais aos cofres do governo. Consoante a esse dado, o renomado oncologista e ex-tabagista Dráuzio Varella explica que o cigarro diminui a expectativa de vida em cerca de 10 anos, podendo causar falta de oxigênio, cegueira, enfisema pulmonar, câncer e uma série de doenças relacionadas à dependência química e psicológica gerada pela abstinência da droga. Logo, a realidade provocada pelo tabaco destoa completamente do ideal platônico acerca do bem-viver.       Urge, pois, que a sociedade comece a lidar com o cigarro como uma droga de fato, limitando sua comercialização e diminuindo a dívida pública provocada pelos males do tabagismo. Sendo assim, o Poder Legislativo deve criar uma lei reforçando os critérios para comercialização do tabaco, instituindo que apenas postos especializados tenham permissão para a venda desse produto. Ademais, o Poder Executivo precisa elevar a carga tributária sobre o valor do cigarro a fim de diminuir os prejuízos que o vício gera para a saúde pública. Paralelamente, o Ministério da Saúde deve realizar uma campanha nacional, informando a população sobre os riscos e gastos provocados pela droga. Com efeito, atinge-se o bem-viver idealizado por Platão, melhorando a qualidade de vida de toda a população brasileira.