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Enviada em: 09/10/2018

No Mito da Caverna, o filósofo da Antiguidade Clássica, Platão, narra a história de homens que vivem acorrentados e enclausurados dentro de uma caverna. Analogamente à alegoria, os tabagistas são aprisionados pela dependência física e psicológica da nicotina, substância psicoativa presente no tabaco. Além disso, o tabagismo aumenta o risco de desenvolvimento de diversas doenças e é responsável por cerca de cinco milhões de mortes anualmente, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Cabe, portanto, afirmar que a associação do consumo de tabaco ao alívio das tensões da contemporaneidade legitima a manutenção desse hábito deletério na sociedade brasileira.        Em primeira análise, vale ressaltar o conceito de Modernidade Líquida de Zygmunt Bauman, o qual explica a dissipação das certezas na atualidade a partir da constante e acelerada reconformação da realidade. Tal panorama imprime na sociedade o sentimento de insegurança acerca do futuro, o que potencializa o estresse e as pressões do cotidiano. Por conseguinte, os fumantes encontram no tabagismo uma válvula de escape para aliviar as tensões, haja vista a sensação de relaxamento e prazer proporcionada pelas substâncias contidas no cigarro.        Diante desses fatores, compete evidenciar que a inalação dos 4.700 componentes tóxicos contidos na fumaça afeta tanto a saúde dos fumantes ativos quanto a dos passivos. Devido a isso, em relação aos não tabagistas, os usuários regulares apresentam expectativa de vida reduzida em seis anos, quarenta vezes mais suscetibilidade de desenvolver câncer de pulmão e aumento de 24% no risco de sofrer doenças cardiovasculares – de acordo com a OMS. Esses dados revelam o alto potencial nocivo que o tabagismo representa na vida desses indivíduos.        Logo, é evidente a necessidade de medidas efetivas para combater essa prática. Para isso, a mídia aberta deve ampliar a divulgação das consequências do tabagismo, por meio de ficções engajadas com alusão a essa temática, a fim de provocar a reflexão do corpo social. Ademais, o Ministério da Saúde deve auxiliar na desconstrução desse hábito, por intermédio do aumento nos investimentos em programas anti-tabagismo nas unidades de saúde, de modo a proporcionar aos fumantes um processo seguro e definitivo de remissão desse mal. Assim, pode-se pensar em uma sociedade capaz de romper com o aprisionamento descrito por Platão.