Enviada em: 19/03/2019

Zygmunt Bauman, em seus estudos, afirma que a falta de solidez nas relações humanas configura o termo "Modernidade Líquida". O viés da fluidez dessas relações se faz presente na crescente recorrência humana de respostas aos meios cibernéticos, principalmente no que se refere à saúde. Desse modo, a comodidade oferecida pela internet criou cidadãos mais vulneráveis e dependentes, que, desprovidos de senso crítico, buscam todo e qualquer diagnóstico possível para a cura de enfermidades. Assim, uma análise sobre esse comportamento perigoso se faz necessária em uma sociedade marcada pela ausência de solidez em suas bases.  Em primeiro lugar, vale ressaltar sobre a forte dependência de aparelhos eletrônicos que contribuem à esse comportamento. Apesar dos grandes benefícios trazidos pela Globalização, é importante destacar sobre a grande interdependência que ela ocasionou na sociedade, uma vez que, sendo um ambiente de socialização, as pessoas que não estão inseridas neste ambiente, veem-se excluídas. Além disso,  também são postados milhares de conteúdos diariamente, sem nenhum controle, podendo ser acessado por qualquer tipo de público, incluindo jovens adolescentes. Assim, percebe-se que a falta de um controle digital democratiza o acesso de cidadãos à informações mal cabidas ou de cunho profissional, podendo levar a sérios riscos, como a overdose de remédios.  Ainda mais, o vício nas redes sociais está criando indivíduos submissos de horas na rede. De acordo com o sociólogo francês Emile Durkheim, a anomia, termo que se refere ao enfraquecimento das relações sociais, pode ser aplicada a indivíduos que passam horas de seu dia conectados à rede, e desconectados da sociedade em questão. Esse princípio denota o porquê dessas pessoas se perderem quando fora de suas zonas de conforto, pois fora do consumo de conteúdo habitual, elas acabam por entrar em estado de pânico, apresentando extrema reação ao cotidiano. Sendo assim, essas pessoas se tornam cada vez mais dependentes da web e consomem conteúdo digital na mesma proporção.  É evidente, portanto, que a cibercondria está afetando a sociedade contemporânea em níveis globais. Para que esse panorama mude, o Governo, junto às mídias, devem criar campanhas de conscientização, por meio da divulgação de casos infrutíferos de auto-medicação e da revalidação da imagem dos médicos, afim de promover um engajamento crítico e social nos cidadãos. As famílias, por sua vez, devem procurar e encaminhar indivíduos ciber-dependentes à centros de recuperação, para que assim, recuperem seus estados mentais e fisiológicos. Assim, o que, atualmente, é classificado pela liquidez, possa ser renomeado como sólido e consistente, em uma modernidade próxima.