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Enviada em: 04/10/2018

Na antiguidade, a Grécia foi o berço da democracia, embora fosse restrita a grupos abastados da população, os quais decidiam a respeito da "polis". Hodiernamente, no Brasil, a Constituição de 1988 universalizou o direito ao voto, inserindo todos os cidadãos no contexto democrático. No entanto, o fortalecimento da democracia depende da proatividade popular, a qual é prejudicada pela existência de falhas no processo de ensino e pela descrença social no sistema político nacional.       A princípio, ressalta-se que o sistema de ensino brasileiro falha ao não desenvolver o senso crítico do cidadão. Essa perspectiva dificulta a identificação de direitos pelo indivíduo, já que a falha instrução regular atalha o acesso aos textos legais e sociológicos, como os de Gilberto Freyre e Paulo Freire, os quais defendem oprimidos e interesses sociais. Nesse aspecto, o patrono da educação brasileira afirma em sua obra "Pedagogia do Oprimido" que a educação deve permitir ao indivíduo tomar consciência sobre o mundo, a fim de exprimir suas insatisfações. Assim, quando a educação é deficitária, compromete-se a democracia, uma vez que o senso crítico -importante para o debate de ideias- tende a ser limitado, levando à passividade social sobre as decisões tomadas por uma minoria abastada.       Além disso, a insatisfação da população com a política nacional pode afastar cidadãos das deliberações sociais. Essa conjuntura é motivada pelo histórico descrédito na classe política, uma vez que o período republicano é marcado por diversos casos de corrupção, como os observados do período das eleições "café com leite" ao atual contexto de investigações na Petrobras. Nesse sentido, o afastamento popular voluntário, motivado pela descrença na política, permite a perpetuação de governantes sem comprimisso com o bem comum, como Aristóteles preconizou que deveria ser o objetivo da política. Assim, dominações históricas prolongam-se no contexto sociopolítico brasileiro.       Infere-se, portanto, que é necessário estimular a participação popular nas deliberações democráticas. Para isso, as escolas devem fomentar a criticidade dos estudantes, por meio de debates a respeito de textos sociológicos e legislações vigentes, com o objetivo de majorar a proatividade sociopolítica dos indivíduos. Ainda, é necessário que a sociedade civil aumente o engajamento político, mediante organização de protestos e petições, com o intuito de pressionar os governantes a debater e votar projetos de interesse nacional, como medidas de combate à corrupção. Com isso, a democracia será fortalecida e os interesses coletivos poderão ser ouvidos pelos dirigentes do país.