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Enviada em: 11/04/2019

A dicotomia ditadura-democracia esteve, mesmo antes da consolidação dessas ideias no ideário político mundial, embutida na sociedade brasileira. A forma com que os portugueses tratavam a colônia, vista como uma "segunda chance" às crises econômicas lusitanas, exemplifica claramente esse fato. Nesse contexto, houve a criação de várias cartas magnas, porém uma se destaca por ser considerada "cidadã": a Constituição de 1988. De fato, promulgada logo após o final do regime militar, ela representa essa dicotomia, pois, por mais que sua criação tenha consolidado um estado mais liberal politicamente, as tendências autoritárias e, até mesmo, totalitárias, herdadas da própria história brasileira, ainda existem no ideário popular. Desse modo, destaca-se a importância de se debater os problemas sociais e,portanto, políticos,dos avanços e retrocessos que nasceram dessa oposição de ideias.        Com efeito, segundo o jurista italiano Luigi Ferrajoli, a constituição atual, herdeira da de 1988, é considerada uma das mais avançadas do mundo devido à relevância dada ao cidadão. A criminalização do racismo, a proibição do ato de tortura, além da ampliação de direitos trabalhistas são exemplos marcantes do nascimento de uma era democrática, beneficiando, também, vários outros setores sociais como mulheres e a parcela mais idosa da população. Hodiernamente, a possibilidade de discussão e crítica ao governo teve como consequência uma sociedade mais consciente de sua cidadania, apta à escolher seus representantes e cobrá-los, aumentando a liberdade de expressão.        Por outro lado, a herança de uma história sem liberdade, " presa às rédeas do passado", tem como consequência uma grande relevância a ideais machistas, homofóbicos, racistas e autoritários. De fato, o patriarcalismo do período colonial, quando todos do ciclo familiar eram submissos ao senhor de engenho, a influência do dogma religioso, a escravidão indígena e africana e as diversas ditaduras, como a de Vargas e a militar, contribuíram para a atual sociedade, onde discursos considerados, atualmente, extremos e conservadores ganham força, em detrimento dos direitos adquiridos pela constituição cidadã de 1988, especialmente os dos índios.        Diante dos fatos supracitados, entende-se que a dicotomia ditadura-democracia, embora seja consequência da própria liberdade de ideias, deve ser combatida, não por força, mas por conhecimento. Cabe às empresas privadas, como o "Youtube", e em outdoors, em parceria com o Ministério da Educação, a divulgação de pequenos vídeos que discorram sobre os fatos históricos do país a fim de conscientiziar a população, principalmente jovens, estes sendo geralmente mais suscetíveis à discursos "extremos", evitando o acontecer dos mesmos erros, no ensinamento de uma história pragmática. Desse  modo, é esperado que a democracia brasileira se torne mais consciente.