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Enviada em: 22/02/2019

Em algumas obras literárias, é notório o uso de contradição como figura de linguagem. Verbi gratia, a obra de Gregório de Matos "À mesma D. Ângela", em que a sua musa é romantizada e santificada, ao passo que também é descrita como uma sensual tentação ao pecado. Da mesma forma que duas antíteses coexistem no poema do conhecido "Boca do Inferno", lamentavelmente a obesidade e desnutrição infantil coabitam na rede de educação pública.     Tais como incontáveis dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (F.A.O.) apresentariam, há um problema de subnutrição infantil, centralizada nas classes mais baixas da sociedade. Esse problema é  tão urgente que, em 1954, o governo  criou o PNAE, Programa Nacional de Alimentação Escolar, que supostamente suplementaria as necessidades alimentarias de estudantes públicos dentre 7 a 14 anos.  Porém, dados do FNDE apontam que atualmente, o programa só alcançou apenas 15% da quantidade almejada.     Em oposição a esta situação, observa-se um grande número de consumo de alimentos prejudiciais entre esta faixa etária. Como por exemplo, de acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar, 41,6% dos estudantes do nono ano do ensino fundamental comem guloseima quase todos os dias. Isso pode ser explicado devido uma falta de educação alimentar ou um senso de obrigação dos pais a dar-lhe tais alimentos. Como é dito no documentário Muito Além do Peso, que conta diversas histórias de pais que, por não terem tido acesso a "comidas de criança" na infância, sentem-se na compromisso de dar a seus filhos guloseimas e alimentos ultraprocessados excessivamente.      Dado o exposto, é notório que para mudar esses dois extremos da preocupante situação que é a nutrição infantil, é necessário um maior investimento no PNAE, de forma que ele consiga alcançar, de fato, o valor nutricional almejado. Outrossim,  é necessário programas de educação alimentar para os alunos do ensino fundamental e seus consecutivos responsáveis, pois assim, seria possível uma reeducação alimentar e a construção de hábitos mais saudáveis, desconstruindo, por exemplo a ideia dos pais dos documentários que eles tem o dever de alimentar mal seus filhos. Pois, afinal, como disse o filósofo grego Epicteto, só a educação liberta, dessa forma, só a educação permitiria a síntese de tal problema.