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Enviada em: 12/07/2019

Em sua canção "A novidade", Gilberto Gil retrata o cenário de desigualdade social vivenciado por muitos brasileiros, os quais são, constantemente, vítimas da insegurança alimentar. Para além da arte, têm se os desafios da alimentação na rede pública de ensino como uma lastimoso  realidade nacional. Por conseguinte, a persistência da problemática reverbera em prejuízos ao coletivo e, decerto, demanda intervenções. Nesse sentido, para tal análise, é fulcral considerar os impasses alimentares relacionados à questão social e a ausência de informação nas escolas públicas.    Em primeiro plano, nota-se a alimentação nas instituições de ensino públicas vinculada socialmente. Nesse viés, é coerente analisar o pensamento de Karl Marx, no qual o filósofo afirma que há, em todos os setores de uma sociedade, ligação com seu processo produtivo. Desse modo, observa-se que o perfil da maioria dos jovens dependentes das merendas escolares é constituído por estudantes negros e de baixa renda, os quais a família não possuem condições financeiras de manter uma alimentação saudável e equilibrada e, portanto, a comida oferecida nas escolas configura-se como principal refeição do dia para tais alunos. Diante disso,  a ausência do amparo do poder público à respeito da fiscalização do capital investido nas merendas escolares contribui na persistência da marginalização social e impede o desenvolvimento integral dos indivíduos.    Outrossim, é importante evidenciar a falta de informação nas escolas. Dessa feita, segundo a nutricionista Marta Amódio, especialista em nutrição escolar, a educação alimentar é debatida de modo pulverizado nas escolas, sem especialistas no assunto ou obrigatoriedade na grade curricular. Em síntese, a temática da alimentação é cobrada de maneira secundária nas redes públicas, porquanto a ausência de ambientes de discussão nas instituições de ensino limita a visão crítica do estudante no que tange à importância das refeições saudáveis no combate às doenças cardiovasculares e à obesidade.  Dessarte, reafirmam-se os prejuízos sociais ocasionados pelos desafios em garantir a alimentação na rede pública de ensino. Logo, o Governo Federal deve contratar fiscais, mediante a abertura de concursos públicos, os quais supervisionem, mensalmente, a qualidade nutricional das refeições oferecidas nas escolas, a fim de identificar a ocorrência dos desvios de capital investido nesses setores e evitá-los. Ademais, as Secretarias Municipais devem promover projetos pedagógicos nas redes públicas, por meio de semanas de extensão de "workshops", nos quais nutricionistas discordam acerca da importância em manter uma alimentação equilibrada, a fim de fomentar os espaços de discussão e a crítica de dos alunos. Dessa forma, tais desafios ficarão restritos ao âmbito das artes.