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Enviada em: 26/08/2019

Em meados do século XX, o artista plástico Cândido Portinari retratou no quadro "Os retirantes" uma família que sai de uma região à outra em busca de condições melhores de vida. Com o objetivo de  evidenciar o cotidiano no Brasil, o autor da obra denuncia os problemas sociais do país. Semelhante à narrativa, a população brasileira protagoniza, diariamente, uma peregrinação em busca do que comer, o que culmina na dependência das crianças na alimentação escolar. Desse modo, convém analisar a inobservância governamental e o aprisionamento da mentalidade social como elementos fundamentais da problemática.       Segundo Thomas Hobbes, o Estado é responsável por garantir o bem estar da sociedade. No entanto, esse conceito encontra-se negligenciado visto que a falta de investimento para o projeto de refeições dos estudantes gera um maior índice de alimentos de baixo custo que dispõem de alto valor calórico em detrimento do valor nutricional. Tal conjuntura ainda é intensificada pela ausência de fiscalização periódica nas escolas, o que dificulta o combate tanto da má alimentação quanto, da subnutrição causada pela deficiência de nutrientes no alimento. Assim, sem o comprometimento desse setor, o problema é agravado e coloca em risco a saúde dos alunos da rede pública de ensino.       Ademais, convém avaliar os efeitos que a falta de informação possui na perpetuação da dependência da merenda escolar. Consoante à Teoria do Habitus, de Pierre Bourdieu, nossas práticas são resultado de condições culturais especificas de uma sociedade. Destarte, a ida de muitas crianças à escola apenas para ter o que comer durante o dia, protagonizada repetidamente na história, ainda ecoa na atualidade, o que gera problemas como maior indice de desnutricão na época de férias acadêmicas, como noticiado pela BBC. Logo, o desconhecimento acerca dessa circunstância acarreta escassez de iniciativa que pode, por infelicidade, promover a mantença da problemática        Depreende-se, portanto, que são necessárias medidas que atenuem a adversidade supracitada. A princípio, cabe ao Governo incentivar a alimentação saudável por meio de investimento em profissionais qualificados em nutrição em cada escola. Com essa ação, as crianças poderão ter uma dieta rica em todos os nutrientes que precisam, a fim de diminuir problemas que podem vir a acontecer com a saúde dos alunos. Paralelamente, cabe às Organizações Não-Governamentais atuarem na distribuição de cartilhas que advertam sobre a importância de uma alimentação periódica, com o objetivo de conscientizar os pais a não responsabilizarem apenas a escola dessa demanda, assim como sensibilizar a sociedade a ajudar a resolver o problema. Dessa forma, será possível que as obras de Portinari não transmitam, ainda hoje, os impasses sociais do Brasil do século XX