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Enviada em: 08/10/2018

A Missão artística francesa foi um movimento articulado pela família real a fim de representar a realidade brasileira, apesar do caráter etnocêntrico. Desde então , iniciou-se um projeto de inclusão das artes no processo de formação da identidade nacional . Na contemporaneidade, o desenvolvimento artístico retrocede ao parâmetro histórico, pois o não investimento do ensino de artes nas escolas , resultado da inobservância estatal e da enraização de preconceitos, conjuga um cenário retrógrado, que nada tem a ver com a multiculturalidade do país.     Em primeira análise, nota-se que a carência de políticas públicas eficientes está diretamente ligada ao retrocesso observado na estrutura escolar. Embora a Lei de Diretrizes e Bases e , posteriormente, emendas constitucionais - as quais obrigam a inserção de disciplinas artísticas nas escolas - a negligência é observada na desvalorização do magistério que, com a ausência de infraestrutura básica no ambiente acadêmico, é desmotivado a continuar seu trabalho , optando por um modelo mecanizado e pouco dinâmico.  Assim sendo, é visível que  somente nas séries iniciais  as matérias com conteúdos artistícos fazem parte do currículo educativo, já que muitos estudantes veem as aulas como uma opção recreativa, que nada influenciam no método de ensino- aprendizagem .     Outrossim, é indubitável que tal dinâmica favorece a naturalização de atos intolerantes manifestados  na educação hodierna. Consoante ao pensamento de Rubem Alves, pedagogo brasileiro, o principal motivo da proposta educacional é a realização de trocas e experiências entre alunos e docentes, dissipando a marginalização e a segregação de opiniões díspares. Essa máxima é contrariada quando tais disciplinas - que deveriam ser obrigatórias- não propagam o diálogo a partir de diferentes perspectivas, o que caracteriza a extinção da multiculturalidade, fator tão disseminado na conjuntura brasileira. Desse modo, a exclusão de aspectos culturais, de gênero e de classe contribui para a banalização da intolerância nas escolas.      Urge, portanto, que medidas mitigadoras sejam estimuladas com o princípio de combater os impasses supracitados. Com isso, é primordial que o Ministério da Educação , em conjunto com o Ministério da Cultura ( MinC ), invista na maior destinação de verbas na área, por meio da criação de um setor próprio nos núcleos educacionais, cujo intuito é motivar discentes e professores ,por meio de ações interculturais, bem como a participação de conjuntos musicais, pintores e palestrantes . Logo, a alternativa tem o interesse de abranger diversos grupos e desmitificar com o poderio de ações segregacionistas, podendo, nesse viés, retornar ao panorama incentivado pela corte portuguesa no século XVII.