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Enviada em: 24/10/2018

Antes de ingerir uma dose fatal de tranquilizantes, em 1942, o escritor austríaco Stefan Zweig deixou uma declaração na qual agradecia ao Brasil por acolhê-lo tão bem. Exilou-se aqui devido à perseguição nazista na Europa. Bem recebido e impressionado com o potencial da nova casa, Zweig escreveu um ensaio cujo título ecoa frequentemente: “Brasil, país do futuro”. Entretanto, quando se observam os problemas advindos da contribuição dos avanços da medicina no tratamento de doenças, percebe-se que sua visão não se consolidou. Nesse âmbito, dois aspectos são preponderantes: a automedicação e a desigualdade no acesso aos tratamentos.       Em primeiro lugar, a popularização dos medicamentos não trouxe apenas coisas positivas. Sendo assim, um dos graves impasses que se derivou desse progresso na área da saúde foi a massificação dos remédios sem, contudo, a devida instrução sobre as precauções a serem tomadas quando os fármacos forem ministrados pelos próprios pacientes. Isso se evidencia com o levantamento de 2017 do Ministério da Saúde, que apurou que a automedicação levou, entre 2010 e 2015, mais de 60 mil pessoas aos hospitais, um enorme risco a vida de muitos que se compram essas drogas sem qualquer prescrição médica ou atenção às contraindicações.       Além disso, para a real democratização do acesso aos avanços na área da saúde, é necessário reduzir as desigualdades inter-regionais. Desta forma, é essencial o aumento do número de profissionais da saúde no país, em especial nas regiões norte e nordeste, que chegam a ter o dobro de habitantes por médico, um valor extremamente alto se considerar que a média do país é de cerca de 470 cidadãos para cada profissional, segundo levantamento, de 2017, do Conselho Federal de Medicina. E tal fato é um empecilho na medida em que os estados da porção setentrional do país são os que apresentam os piores índices no que tange ao bem-estar social, contribuindo ainda mais para o aumento das demais disparidades tecnológicas já existentes com a parte meridional da nação.         Destarte, visando mitigar os problemas advindos da contribuição dos avanços da medicina no tratamento de doenças, cabe ao MS, em atuação conjunta com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, que regulamenta a venda dos remédios no país, o aumento da fiscalização no comércio dos fármacos, criando um sistema integrado com as redes de saúde e farmácias, que liste as contraindicações já conhecidas do paciente e que registre os medicamentos comprados para prevenir a ida aos hospitais por intoxicação medicamentosa. Ademais, faz-se necessário que o Ministério da Educação promova a expansão dos cursos de medicina nas regiões norte e nordeste, exigindo a atuação destes profissionais  nessas áreas, a fim de suprir a demanda existente.