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Enviada em: 18/07/2018

O ano de 2014 foi marcado por uma crise hídrica sem precedentes na região sudeste do Brasil. À época o sistema Cantareira praticamente entrou em colapso, o que causou racionamento emergencial do consumo para milhões de famílias de São Paulo e evidenciou sérios problemas de planejamento governamental. Além do uso racional da água, a crise também sinalizou a questão da energia hidrelétrica no Brasil, que a depender das condições hidrológicas pode colapsar a qualquer momento.         Essa conjuntura "sui generis" do Brasil, de dupla dependência do potencial hídrico (para consumo e geração de energia), ressalta a importância do planejamento governamental de longo prazo. Nesse sentido, a crise hídrica de 2014 não apenas evidenciou problemas no suprimento de água, mas acionou uma luz de alerta para a forma como sucessivos governos têm lidado com a questão da diversificação da matriz energética nacional.         Portanto, para se evitar uma crise energética (a exemplo do “Apagão” dos anos 90), é necessário que o Brasil, na perspectiva do que países como a China e o Canadá têm feito nas últimas décadas, promova uma verdadeira revolução na forma como se planeja e se produz a energia elétrica no país.  É preciso pensar em sustentabilidade, em modelos produtivos que antecipem cenários de risco, o aumento da demanda e novas tendências na produção de energia. E essa sustentabilidade da matriz energética perpassa, por sua vez, o incentivo à criação de usinas fotovoltaicas e eólicas, a fim de se aproveitar os potenciais - ainda pouco explorados - de determinadas regiões do país.        Como disse certa vez Albert Einstein, “no meio da dificuldade encontra-se a oportunidade”. E com base nessa máxima e na reflexão sobre a  crise hídrica, se torna possível vislumbrar o papel do planejamento governamental. Apesar dos custos da geração de energia solar e eólica, há uma espécie de consenso científico de que o Estado é um ator chave na implantação de novos modelos de produção de energia elétrica. Dito isso, o Governo Federal pode, através de políticas de isenção de tributos, reduzir o custo de produção de peças e equipamentos necessários à mineração dessas energias limpas (ex.: células fotovoltaicas, baterias, turbinas eólicas, etc.); bem como, através de parcerias público-privadas, também pode promover concessões e obras para instalação de usinas eólicas e solares de médio e grande porte, especialmente nas regiões com hidrologia mais crítica. E mais: tendo em vista a necessidade de planejamento da demanda e da capacidade produtiva no médio e longo prazo, os entes governamentais podem avançar também na melhoria das tecnologias utilizadas no Brasil, por meio do estreitamento de laços junto às universidades e centros tecnológicos, de forma a estimular a inovação científica e o aumento da eficiência na área da geração de energia.