Materiais:
Enviada em: 14/07/2018

Conforme o Relatório Nacional das Águas, o Brasil apresenta uma situação confortável em termos globais quanto aos recursos hídricos. A disponibilidade hídrica per capita, determinada a partir de valores totalizados para o país, indica uma situação satisfatória quando comparada aos demais países informados pela Organização das Nações Unidas (ONU). Apesar desse aparente conforto, o Brasil vivencia uma crise de água que causa impactos na geração de energia, e para isso, é preciso considerar que existem fatores climáticos, políticos e geográficos associados a esse problema.        Em primeiro lugar, a recente diminuição das chuvas e seus reflexos nos mananciais afetaram todas as atividades produtivas, do abastecimento urbano à geração de energia elétrica nos sistemas produtores, já que cerca de 70% da energia elétrica provém da geração de hidroelétricas. Embora haja uma redução das taxas pluviométricas, essa situação é resultado de um padrão de desenvolvimento sem planejamento, que consome muita água e energia e não administra corretamente a captação e distribuição de água. Dessa forma, não é justo responsabilizar apenas o clima pela falta de água, o conhecimento científico e a tecnologia desenvolvida já não permitem mais culpar a natureza pelas catástrofes anunciadas.        Além disso, a distribuição dos recursos hídricos no país maximiza o problema, que embora seja considerado a maior estância hidromineral do mundo e possua as maiores reservas de água por unidade territorial, é preciso destacar que elas estão desigualmente distribuídas no espaço geográfico brasileiro. Cerca de 80% da disponibilidade hídrica está concentrada na região hidrográfica Amazônica, onde se encontra o menor contingente populacional e valores reduzidos de demanda de consumo.       Diante disto, sugere-se ao setor elétrico melhorar o modelo energético, investindo na geração de energia pelos ventos, que é limpa, renovável e independe de condições climáticas cíclicas, como épocas de chuva, já que o país tem um enorme potencial eólico. Além disso, é necessário investir em sistemas de monitoramento e previsão do tempo e do clima para haver melhor planejamento e gestão de recursos hídricos, para além dos modelos tradicionais fundamentados na hidrologia superficial clássica e métodos estatísticos e estocásticos. Por fim, o governo deve fiscalizar com rigidez a captação e distribuição de água, evitando equipamentos e mecanismos obsoletos que desperdiçam água.