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Enviada em: 16/07/2018

As múltiplas ambivalências que giram em torno da questão hídrica no país podem extrapolar as visões de Bauman para a ultramodernidade, inserindo-se em um campo extremamente complexo para julgamentos precipitados. Nessa dinâmica, em um analogia com a matemática euclidiana, em que dois pontos são necessária para a construção de uma reta, dois pontos fazem-se importantes para a compreensão do problema: a indiferença das pessoas um com as outras e com o meio em que se inserem e precarização das poliíticas públicas voltadas para o assunto.    Circunscrito a essa realidade, o esfacelamento das bases sociais é evidente, principalmente no que tange ao relacionamento da população com a água. Como já denunciava Nicolau Sevchenko, historiador da USP, há uma perda de referências na atualidade. Tal perda de referências é evidenciada no desperdício de água que acontece diariamente, principalmente pela agricultura e pelas indústrias, em maior escala, e a nível residencial, em menor escala, sem a menor preocupação com o meio ambiente e com as pessoas que também se inserem nele. A ideia que o Brasil é um país que se assemelha aos Jardins do Eden, onde tudo é abundante, está enraizado na cultura brasileira desde a chegada dos portugueses. Desse modo, torna-se uma questão complexa, tendo em vista que o problema em questão extrapola o desperdício, inserindo-se no campo da formação histórica do país.    Nesse mesmo viés, outro ponto que merece atenção é a falta de políticas púbicas eficientes voltadas para a resolução do problema. Como já alertava Sergio Buarque de Holanda, as políticas públicas no Brasil caracterizam-se pelo amadorismo, ou seja, tentativas de solucionar o problema apenas superficialmente, sem se preocupar em atacar as suas origens. Desse  modo, em um país como o Brasil, em que atitudes políticas são tomadas visando apenas a reeleição dentro dos próximos quatro anos, é difícil se esperar a realização de projetos a longo prazo. Diante dessa situação, que se torna mais caótica e complexa com o passar do tempo, a produção de energia para o abastecimento interno do país fica comprometida, acarretando problemas que vão se acumulando, como em uma espécie de "bola de neve" e que são sempre deixado para serem solucionados depois.    Em suma, cabe a Agência Nacional de Águas, bem como as prefeituras municipais alterarem essa realidade. Deve-se criar o projeto "Água Brasil", em que a Agência Nacional de Águas deverá criar, em parceria com as prefeituras e com os Estados, uma rede de infraestrutura que permita a captação e distribuição de águas, evitando o desperdício em demasia. Já as prefeituras municipais devem realizar programas de desconto para residências que conseguirem economizar água durante o mês, evitando assim o desperdício de água que pode ser revertido em geração de energia para a população.