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Enviada em: 14/07/2018

Na tentativa de explicar a arché ou princípio fundamental das coisas, o filósofo pré-socrático Tales de Mileto apontou a água como estrutura de origem. Hoje em dia a lógica que permeia essa substância é mais política e econômica, podendo ser fruto da ambição de alguns, bem como do descaso e da inércia de outros.       Em primeira análise, é importante destacar que mesmo a água sendo um recurso renovável e abundante no território brasileiro, o acesso está cada vez mais restrito e caro. Essa realidade se deve em parte a expansão desenfreada da fronteira agropecuária, especialmente no Centro-Oeste e Amazônia, que visando o lucro causa intenso desmatamento, consequentemente, dificulta ou reduz o ciclo hidrológico, ocasionando estiagem em várias regiões do país. Logo, a distribuição de energia também fica comprometida e encarecida já que a principal matriz energética do Brasil é a usina hidroelétrica comandada por capital privado com olhar voltado ao econômico não a sustentabilidade.       Outrossim, a inconsciência ambiental e hídrica de parcela significativa da sociedade se reflete no desperdício da água na lavagem de calçadas Brasil a dentro e no despejo de lixo em mananciais ou córregos. Isso e muito mais levam a contaminação de rios e lençóis freáticos, tornando ainda mais escassa a água para consumo. Além disso, o linguajar parnasiano dos governantes e da engavetada Lei da Água de nº 9433 de 1997 ainda não deram conta de todas as faces desta problemática, deixando indivíduos que da água tiram seus sustentos a mercê da própria sorte quando "autoriza" que, em prol do desenvolvimento, 80% da água seja consumida na agricultura e pecuária e o restante escorra sem destino nas cidades mal planejadas.       Evidenciam-se, portanto, importantes entraves os quais agravam sobremaneira a crise hídrica e a disponibilidade energética no Brasil. Para que seja possível a existência de equilíbrio no uso e desuso da água é necessário que se faça valer a lei das águas, bem como a redução do desmatamento, por meio de melhor comunicação entre os três níveis de governo - Federal, Estadual e Municipal - incentivando práticas agropecuárias intensivas e pasto verde nos locais já desmatados, além de esclarecimento da população com vista ao não desperdício com apoio de órgãos competentes e mídia. Assim, a sociedade atual continuará desfrutando desse bem sem maiores riscos e proporcionará a geração futura um consumo mais consciente.