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Enviada em: 16/07/2018

O lema árcade "Locus amenus", local tranquilo e harmonioso, preconizava uma relação de equilíbrio entre o indivíduo e o meio ambiente. Hodiernamente, a ineficiente política de gestão hídrica brasileira mostra-se antagônica ao pensamento defendido por Tomás Antônio Gonzaga e Cláudio Manuel da Costa, o que compromete a segurança energética das hidrelétricas. Nesse sentido, é válido analisar como a negligência governamental e as fragilidades educacionais contribuem para essa problemática.       Decerto, a indiligência estatal configura um dos principais fatores impeditivos para a geração  de energia hidráulica. Sob esse viés, o sociólogo polonês Zygmund Bauman, no livro "Modernidade Líquida", utilizava-se da expressão "Instituição Zumbi" para designar o papel do Estado na contemporaneidade, o qual mantém a sua estrutura, mas perde a função social. De maneira análoga, os atrasos nas obras de ampliação da matriz hídrica, associado a investimentos insuficientes em fontes secundárias -como energias fotovoltaica e eólica- reforçam uma postura deficitária do Poder Público que ratifica a tese de Bauman. Destarte, é inconcebível que uma nação signatária de acordos para fomento de fontes renováveis relegue a um plano subalterno sua segurança energética.       De outra parte, o modelo de ensino corrobora a permanência desse quadro desanimador. A esse respeito, o filósofo Paulo Freire, no exemplar "Pedagogia do Oprimido", defende uma educação de formar cidadãos críticos e conscientes da da sua responsabilidade social. No entanto, em ambientes escolares mais preocupados, na maioria das vezes, no êxito em vestibulares, o debate acerca do uso adequado de energia apresenta-se ausente, contribuindo para a formação de indivíduos poucos engajados na preservação ambiental. Dessa forma, tal conjuntura vai de encontro ao ideário de Freire, o que revela uma situação desafiadora a ser enfrentada.       Fica evidente, portanto, a necessidade de retificar os entraves não coadunantes com os preceitos da sustentabilidade energética. Para isso, cabe ao Ministério do Planejamento, por meio de alteração na Lei Orçamentária, realizada pelo Congresso Nacional, aumentar o investimento na ampliação de fontes alternativas à opção hídrica, como as fontes biomassa, solar e eólica. Paralelamente, convém ao Ministério da Educação oferecer disciplina específica de educação ambiental e cidadania vide mudança nos Parâmetros Nacionais Curriculares dos Ensinos Fundamental e Médio, que dentre outros temas trabalhe conceitos de participação social e energia renovável. Almeja-se, com essas medidas, amenizar a crise hídrica e fomentar o uso consciente. Assim, o Brasil se aproximará dos ideais do Arcadismo.