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Enviada em: 15/07/2018

O filósofo grego Tales de Mileto considerava que a água era a matéria-prima básica responsável pela origem do Universo. A visão desse pensador serve para ilustrar a importância desse líquido na manutenção da vida, especialmente no que diz respeito à geração de energia. Todavia, a atual crise hídrica, que afeta diretamente o acesso à energia elétrica, elucida o fato de que uma parcela significativa dos brasileiros ainda não compreendem o total valor desse bem, ora pela negligência estatal, ora pela administração irresponsável e individualista desse recurso por parte da população.      Em primeiro plano, há o baixo fomento à utilização de outras fontes energéticas renováveis. Nesse sentido, o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, em “Modernidade Líquida”, afirma que algumas entidades - dentre elas o Estado - perderam sua função social, mas conservaram sua forma e se configuram como “Instituições Zumbis”. A metáfora proposta por Bauman serve para mostrar que alguns órgãos estatais - a exemplo do Ministério de Minas e Energia - são incapazes de desempenhar seu papel e acabam por não estimularem a implantação eficiente da energia solar, geotérmica ou eólica. Entretanto, é inadequado que o poder público seja indiferente às questões socioambientais da pátria.      Outrossim, a existência de um corpo social que pensa apenas no próprio consumo hídrico acentua a falta de água no país, o que causa impactos diretos na geração de energia. A esse respeito, o historiador e crítico literário Sergio Buarque de Holanda afirma em sua obra "Raízes do Brasil" que os brasileiros estão acostumados a tratarem o Estado como um pai, deixando todas as questões político-sociais em suas mãos. Assim, a população acaba por não se preocupar com o desperdício de água, o que dificulta a criação e distribuição igualitária de eletricidade.    Urge, portanto, que a importância da água seja, de fato, percebida, como já constatava Tales de Mileto. Nesse contexto, cabe à população, por intermédio das mídias televisivas e sociais, realizar debates sobre o consumo coletivo racional da água, com vistas à desconstrução do desperdício pautado no consumo individualista, de modo a garantir a valorização e preservação desse recurso hídrico. Ao Ministério de Minas e Energia, por sua vez, compete promover, por meio de campanhas aliadas à empresas de geração de eletricidade, um maior incentivo às outras fontes de energia renováveis, visando a diversificar, e ampliar, a matriz energética brasileira, sem comprometer rios e reservatórios aquíferos. Com essas medidas, a atual crise hídrica será atenuada e muitos cidadãos compreenderão a relevância da água, principalmente no que tange à eletricidade.